Na semana em que houve o cancelamento da reunião que daria a chancela final à Libra, as negociações entre os clubes que não aderiram à liga brasileira de futebol seguem em busca de um entendimento. Segundo a Máquina do Esporte apurou, dirigentes dos clubes paulistas que assinaram o estatuto da Libra têm conversado com os times signatários de carta-proposta divulgada na última segunda-feira (9) pedindo divisão mais igualitária de receitas da Libra.
Já assinaram o estatuto de criação da Libra Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos e São Paulo (Série A) e Cruzeiro, Ponte Preta e Vasco (Série B). O time de São Januário foi o último a aderir ao bloco, na segunda-feira (9).
Por outro lado, 11 clubes da Série A (América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Avaí, Ceará, Coritiba, Cuiabá, Fortaleza, Fluminense, Goiás e Juventude) e 12 equipes da Série B (Brusque, Chapecoense, CRB, Criciúma, CSA, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sampaio Corrêa, Sport, Tombense e Vila Nova) fazem parte do bloco que pede verbas mais equânimes no Brasileirão. Esse grupo tem reunião marcada para a próxima segunda-feira (16), no Rio de Janeiro.
Há ainda um grupo independente, que não se alinhou a nenhum dos lados: Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Grêmio, Guarani, Internacional, Ituano e Novorizontino. Desses times, os principais interlocutores com ambos os blocos têm sido Atlético-MG e Internacional. Os dois são também os mais cobiçados, já que contam com bastante torcida, tradição e disputam a Série A do Brasileiro.
O Botafogo, outro independente que está na elite do país, mantém uma posição mais distante, à espera de uma decisão de John Textor, dono da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube.
Aproximação dos clubes
Entre os paulistas, Palmeiras, Santos e São Paulo têm realizado intensas conversas com o grupo dissidente em busca de entendimento. Por ora, o Tricolor paulista é visto como o mais aberto ao diálogo. Já o Fluminense mantém conversas com o Flamengo entre os times da Libra.
Segundo projeções feitas por ambos os lados, as reivindicações do bloco que ainda não aderiu à liga não estariam distantes dos números apresentados no estatuto da Libra, ao menos para o ano inicial de funcionamento do novo campeonato.
O manifesto de segunda-feira (9) pedia que o clube com maior quinhão de verba da Libra tivesse montante apenas 3,5 vezes maior do que o time com menor parcela. O grupo também quer que essa divisão passe por uma transição, cujo período não foi especificado, até que chegue a 1,6 vez a diferença entre a maior e a menor remuneração. É a mesma proporção da Premier League, da Inglaterra, vista como a ideal por essas equipes.
Para os clubes que ainda não assinaram, um avanço do estatuto da Libra é que o documento prevê que os quatro rebaixados tenham remuneração por performance, ainda que essa seja 1/12 da verba destinada ao campeão. Atualmente, quem cai para a segunda divisão não recebe nada por desempenho.
Distância das propostas
No entanto, há mais pontos de discórdia na divisão de receitas. O estatuto da Libra indica que o montante arrecadado com direitos de transmissão e patrocínio seja dividido 40% de forma igualitária, 30% por performance no campeonato e 30% por engajamento. Já a carta-proposta de segunda-feira (9) sugere que essa distribuição ocorra com 50% de maneira igualitária, 25% por desempenho e 25% no que se chamou de “comercial, com parâmetros objetivos e mensuráveis”.
A carta-proposta também reivindica que 20% da verba arrecadada seja destinada à Série B, o que atraiu vários clubes da segunda divisão ao grupo. De acordo com dirigentes ouvidos, atualmente essa proporção seria de 10%. O estatuto da Libra já prevê aumento para os times da Série B, com 15% do montante destinado a eles.