A menos de um mês para os Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim, o esporte brasileiro esfrega as mãos para as competições finais das modalidades que deverão garantir mais uma participação recorde do país no evento. Mas, mesmo com a atenção da TV aberta e o maior número de atletas do Brasil, o evento ainda está em processo de crescimento de popularidade, algo que tem sido trabalhado pelas confederações esportivas.
Em entrevista à Máquina do Esporte, o CEO da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN), Pedro Cavazzoni, falou sobre o desafio de aproveitar os Jogos Olímpicos para crescer a modalidade no Brasil. E admite: o esporte é de nicho. Para criar conexão com os torcedores, a força está nas histórias de cada atleta.
“Esse é um dos pontos centrais de nosso plano de comunicação, sendo que a estratégia que adotamos é dar foco nos atletas, nas suas histórias incríveis, não só na parte esportiva, mas também de vida. Entendemos que colocar o atleta no holofote é uma das melhores maneiras de gerar mais identificação do brasileiro com o esporte de neve”, afirmou o executivo.
Na hora de ir ao mercado, no entanto, os aportes que mais surgem são aqueles focados no público de nicho que envolve a Confederação de Neve. É o caso mais do Club Med, parceira da CBDN que recentemente anunciou o Brazil Challenge Week, uma clínica de esqui nos alpes franceses.
“Na CBDN tentamos ter sempre uma análise muito pragmática do mercado. Entendemos que é um mercado de nicho, e procuramos desenvolver formatos que agreguem valor para as marcas que se interessem por esse segmento”, explicou Cavazzoni.
Leia a entrevista completa abaixo:
Máquina do Esporte: Como você vê o mercado em relação aos Jogos de Inverno? Há um interesse maior?
Pedro Cavazzoni: O mercado de inverno no Brasil vem se desenvolvimento de forma importante nos últimos anos com a redução de preços de viagens internacionais para destinos de neve, sem contar claro, esse período atual de pandemia que inviabilizou basicamente todas as viagens. O maior acesso de pessoas à neve e número crescente de pessoas que tem contato com o ski e snowboard geram um aumento de interesse comercial das marcas, tanto da própria indústria quanto de marcas que orbitam esse mercado e público-alvo.
ME: Como tem sido a procura das marcas?
PC: Na CBDN tentamos ter sempre uma análise muito pragmática do mercado, entendemos que é um mercado de nicho, e procuramos desenvolver formatos que agreguem valor para as marcas que se interessem por esse segmento. O patrocínio esportivo no Brasil ainda é bastante tímido quando comparado a mercados mais desenvolvidos o que torna nosso trabalho ainda mais difícil, mas temos vimos uma aceitação crescente do mercado às propostas de valor que desenvolvemos.
ME: Recentemente, foi anunciado o acordo da CBDN com a De Mendes. Haverá mais novidades até os Jogos?
PC: Para nós, o esforço comercial é um trabalho que não para nunca, e entendemos que precisamos sempre continuar construindo nossas bases comerciais e aprimorar nossos modelos de negócios e entregas. Os Jogos de Inverno são sempre um momento importante dentro desse ciclo comercial aumentando substancialmente o interesse de marcas pelos ativos de inverno. Além da De Mendes, que para a CBDN foi um marco muito importante, inaugurando uma era de patrocínios de impacto, fechamos outras duas importantes parcerias ao longo do ano com Coris Seguros e Club Med, com propostas muito inovadoras. E seguimos trabalhando para anunciar mais alguns parceiros nos próximos meses.
ME: Como fazer com que o público geral tenha maior identificação com o esporte de inverno, algo tão distante da realidade brasileira?
PC: Esse é um dos pontos centrais de nosso plano de comunicação, sendo que a estratégia que adotamos é dar foco nos atletas, nas suas histórias incríveis, não só na parte esportiva, mas também de vida. Entendemos que colocar o atleta no holofote é uma das melhores maneiras de gerar mais identificação do brasileiro com o esporte de neve, mostrar que são pessoas de carne e osso, que também passam por muitas dificuldades, mas que acima de tudo amam o país e o defendem muito bem em competições internacionais.
ME: E para a prática dos esportes?
PC: Para o Ski Cross Country e o Para Ski Cross Country, desenvolvemos uma estratégia que passa por facilitar a prática dessas modalidades no Brasil através do uso do rollerski. É um projeto de fôlego, de longo prazo, mas que conseguimos ver resultados incríveis em poucos anos. O número de praticantes teve um aumento muito relevante e, mais do que isso, nas cidades em que instalamos núcleos de prática é possível notar que a cidade e a comunidade começam a se envolver com o esporte, conhecer e reconhecer os praticantes se aproximando muito do público local.
ME: Como aproveitar a atenção que surge aos esportes de inverno durante os Jogos Olímpicos?
PC: A única forma de se aproveitar oportunidades é estar devidamente preparado. E é o que buscamos fazer. Temos uma governança reconhecida atualmente, o que nos dá muita credibilidade no mercado. Temos um plano estratégico bem definido, boas propostas de valor e um time que entrega muito bem na execução.