Duas das três maiores transferências da história do futebol inauguraram na semana passada a nova fase ?galáctica? do Real Madrid. Com as contratações do brasileiro Kaká e do português Cristiano Ronaldo, o time espanhol resgatou o investimento em jogadores de ponta, prática que o notabilizou no início da década. E também reviveu uma política de aposta em mídia proporcionada por essas estrelas. Em 2000, o presidente Florentino Pérez deu início ao período ?galáctico?, adjetivo usado pelo próprio clube para definir a reunião de estrelas no elenco. Foram contratados o português Luis Figo, o francês Zinedine Zidane, o brasileiro Ronaldo e o inglês David Beckham, entre outros. Com tantos nomes de peso, Pérez conseguiu catapultar as receitas do Real Madrid, que subiram de 100 milhões de euros para 300 milhões de euros anuais até 2006. Contudo, o fracasso esportivo dos últimos anos do projeto minou a investida do clube e acabou com a política agressiva. Pérez também deixou a presidência, mas retornou ao posto em eleição realizada neste ano. E decidiu marcar sua nova ascensão com a reedição do perfil de investimento adotado no passado. Kaká custou 65 milhões de euros aos cofres do Real Madrid, valor que o colocou no segundo posto entre as transferências mais caras da história ? a lista era encabeçada por Zidane, que trocou a Juventus pelo Real Madrid de Pérez em 2001 por 73,5 milhões de euros. Alguns dias depois, porém, o montante que o Real Madrid desembolsou por Kaká passou a ser pouco discutido. Afinal, o time espanhol pulverizou o recorde ao pagar 94 milhões de euros ao Manchester United por Cristiano Ronaldo, eleito pela Fifa o melhor jogador do planeta no ano passado. Em 2007, a coroa de melhor do mundo havia ficado com Kaká. A reunião dos dois últimos vencedores do prêmio baseará a aposta do Real Madrid nas imagens deles. A despeito de um contrato de direitos ainda não ter fechado com Cristiano Ronaldo, o clube espanhol pretende explorar os astros com a venda de produtos licenciados e o aumento na presença de mídia. Um exemplo disso é a venda de camisas. O Real Madrid estima que precisará vender 1.163 milhões de unidades com o nome de Cristiano Ronaldo, por exemplo. O português também terá uma linha de produtos para o dia-a-dia, assim como Kaká ? o site oficial da equipe merengue já comercializa uma camiseta alusiva à contratação do brasileiro. Outro ponto é a internacionalização da marca. Com Kaká e Cristiano Ronaldo, o Real espera recuperar a exposição de mídia que conseguiu na era ?galáctica?, sobretudo depois da contratação de David Beckham. O inglês era um dos nomes mais conhecidos nos Estados Unidos quando aportou em Madri. Nos próximos dias, o Real Madrid ainda espera dar sequência à lista de reforços midiáticos. Florentino Pérez projetou um gasto de 300 milhões de euros em contratações para sua primeira temporada no clube ? na última semana, jornais espanhóis chegaram a dar como certa a negociação com o atacante David Villa, do Valencia. Desse total, 100 milhões de euros estavam nos caixas do Real Madrid, que faturou 365,8 milhões de euros no ano passado. O restante será baseado em negociações bancárias e negociações de jogadores do atual elenco. O Real Madrid também aposta em uma mudança em sua relação com patrocinadores. O contrato com a Bwin, dona da cota máster do clube, foi renovado recentemente. Ainda assim, a equipe espera ignorar o período de recessão internacional e ampliar a receita oriunda de parcerias comerciais ? esse fenômeno aconteceu na gestão anterior de Pérez. A soma de jogadores badalados, novas parcerias comerciais e mais exposição de mídia fundamenta expectativa para o Real. O time espanhol espera aumentar seu faturamento para 500 milhões antes de 2011, crescimento muito superior ao que foi registrado nas últimas temporadas. Tudo isso, mais uma vez, baseado no valor da imagem de grandes atletas.