Em alguns esportes, sobretudo em categorias do automobilismo, a competitividade é um importante atrativo comercial. Essa lógica, contudo, passa longe do Rali dos Sertões. A 17ª edição da competição, que teve início na última quarta-feira, demonstra uma clara dicotomia entre a busca por rendimento e a simples realização pessoal. O maior exemplo de busca por desempenho é a Volkswagen. Vencedora da competição em 2008, a equipe contratou o piloto espanhol Carlos Sainz, campeão mundial de rali em 1990 e 1992 e um dos principais nomes do mundo em corridas off-road. Além dele, o time conta com carros dirigidos por Nasser Al-Attiya (Qatar) e pelo brasileiro Maurício Neves, primeiro colocado do Rali dos Sertões em 2007. Os pilotos vencedores conduzem a Touareg, o carro cercado de maior expectativa no Rali dos Sertões. Ao contrário dos outros modelos, que ficaram expostos e foram preparados em um pátio coletivo, as unidades da Volkswagen foram escondidas até o dia do super prime, evento que aconteceu na terça-feira e definiu o grid de largada da corrida. ?Até existe um modelo da Mitsubishi que poderia competir com as Touareg, mas nenhuma outra equipe investiu tanto quanto a Volkswagen. É claro que isso cria uma diferença?, admitiu o experiente André Azevedo, que pilota o caminhão da equipe Petrobras Lubrax. Ainda que a informação não seja oficial, especula-se que a Volkswagen tenha investido até R$ 30 milhões no desenvolvimento do carro. Entretanto, essa realidade ainda não é algo comum no rali. Há equipes com estrutura menor, mas ainda profissional. E a grande maioria dos pilotos se divide entre dois blocos: os que contam com poucos patrocínios e os que assumem os custos da participação. O ponto comum é que existem pilotos entre as duas categorias que usam a visibilidade do rali para promover permutas. Assim, em vez de aporte financeiro, oferecem espaço para divulgação nos carros e veículos de apoio em troca de produtos básicos para a sobrevivência no período da prova. Há casos em que nem isso é feito. Um exemplo é a equipe Codipar Racing, totalmente custeada pelo piloto Willem Van Hees. ?Eu corro por prazer, mesmo. Tenho só gasto com isso. Coloco minhas marcas no carro, mas não tenho retorno com isso?, admitiu o competidor, que gasta cerca de R$ 150 mil só com a participação no rali. A reportagem viajou a Goi”nia como convidada da agência Race