A postura da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que terá de ceder aos patrocinadores da Fifa e liberar o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios, desagradou a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead). Em comunicado oficial, a entidade condenou a postura, e apontou a prática como uma das responsáveis pela violência nos campos de futebol. ?Por conveniência econômica, o Brasil corre o risco de regredir em um tema de inegável relev”ncia e interesse público?, disse a Abead, em comunicado assinado por Analice Gigliotti, presidente da entidade. O imbróglio é resultado da polêmica em torno da contradição da CBF, que recentemente pediu para as cidades-sede adequarem sua legislação para a Copa do Mundo. Anteriormente, a própria entidade havia proibido a legalização para coibir a violência. Leia a seguir o comunicado da Abead: A realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, está cercada de desconfianças de ordem política e econômica. A origem da verba necessária para construção e reforma dos estádios é a principal polêmica ligada à realização do evento esportivo. Contudo, a Confederação Brasileira de Futebol adotou uma postura que pode trazer prejuízos também para as áreas de saúde e de segurança. Seguindo uma orientação da Fifa, o presidente da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa-2014 (COL) avisou no dia 9 de junho que as cidades-sede deverão adequar sua legislação para permitir o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios do Mundial. A orientação é contrária a uma resolução da própria Confederação, emitida em abril de 2008, que proíbe o consumo de álcool nos torneios organizados pela CBF e em jogos da seleção. Por conveniência econômica, o Brasil corre o risco de regredir em um tema de inegável relev”ncia e interesse público. Cotidianamente, são apresentadas diversas soluções possíveis para o problema da violência nos estádios de futebol. Em meio à diversidade de opiniões, uma das ações essenciais a qualquer plano efetivo é a proibição da venda de álcool nos estádios e nos locais próximos a eles: as evidências científicas que relacionam consumo de bebidas alcoólicas e comportamento violento são conclusivas. Por isso, sugerimos ao presidente da CBF e do COL que reconsidere a recomendação feita às cidades-sede. A realização da Copa do Mundo deve, além do espetáculo esportivo, culminar em melhorias para a população brasileira. Para que nosso País comece a jogar limpo também fora das quatro linhas. Analice Gigliotti Presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas