Começa nesta semana a caminhada das equipes brasileiras na tentativa de conquistar a edição de 2025 da Conmebol Libertadores. Nesta fase da competição, o Corinthians enfrentará o Universidad Central, da Venezuela, enquanto o Bahia medirá forças com o The Strongest, da Bolívia.
O objetivo de paulistas e baianos é avançar na competição para participar da fase de grupos do torneio, que terá início no mês de abril. Botafogo, Flamengo, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e São Paulo já garantiram lugar nesta fase da competição.
Disputada desde 1960, a Conmebol Libertadores está em sua 65ª edição e com a participação de clubes de muita tradição na América do Sul. Nas primeiras edições da competição, havia uma disputa acirrada entre equipes de três países: Argentina, Brasil e Uruguai. Nas últimas décadas, no entanto, os clubes uruguaios perderam o caminho das conquistas e algumas poucas equipes de outros países tiveram a honra de conquistar o torneio (Chile, Colômbia, Equador e Paraguai).
No início deste século, observamos o grande sucesso dos clubes argentinos, especialmente o Boca Juniors nos anos 2000. A partir de 2010, contudo, teve início uma nova era com a supremacia das equipes brasileiras, com oito diferentes times tendo conquistado o torneio, sendo dez títulos no total. As últimas seis edições do torneio foram vencidas por equipes brasileiras, fato inédito na história da competição.
A explicação para este sucesso recente é simples: O Brasil apresenta o maior poderio econômico do continente. A população nacional é expressiva na região, e a economia brasileira representa mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) dos países sul-americanos. Além disso, o futebol é o esporte preferido de grande parte dos brasileiros, e os principais clubes do país contam com o interesse de milhões de torcedores e consumidores. Este conjunto de fatores atrai marcas e empresas em busca de exposição, reconhecimento e consideração de compra por parte dos clientes.
Com tanta representatividade, os clubes brasileiros conseguem movimentar cifras elevadas em direitos de transmissão, bilheterias, programas de sócios-torcedores, patrocínios e licenciamentos, entre outros.
Este processo gera um círculo virtuoso que ajuda a explicar o sucesso. O poder financeiro possibilita aos clubes brasileiros realizarem maior investimento na profissionalização do futebol em diversos segmentos. Além disso, estes recursos viabilizam a contratação de atletas e profissionais de ponta que melhoram a competitividade das equipes. Tudo isso acaba refletindo nos resultados dentro de campo.
Com este sucesso recente na principal competição de clubes da América do Sul, o passo natural das equipes brasileiras deve ser aumentar a competitividade em outras competições internacionais, especialmente contra os times europeus. Uma boa oportunidade ocorrerá entre junho e julho deste ano, quando Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras participarão do Super Mundial de Clubes da Fifa, torneio que será disputado nos Estados Unidos e contará com 32 dos principais times do mundo.
Como ensinamos em nossas disciplinas no curso de Administração da ESPM, os bons profissionais e as boas empresas estudam o mercado, identificam as oportunidades e atuam para progredir e alcançar os objetivos estratégicos. Uma vez que os clubes brasileiros já estão obtendo destaque no futebol sul-americano, o próximo passo será expandir o foco para realmente competir com outras regiões.
Paulo Faria é professor da área de Finanças no curso de Administração de Empresas da ESPM