O conceito de patriotismo tem mais de 2 mil anos, vem dos romanos e significa “o amor por uma nação e a busca pelo bem comum”. É uma expressão de amor e devoção pela pátria, sendo o local de nascimento ou a pátria por adoção.
Como tudo que se transforma com o tempo, patriota é uma palavra que ganhou uma conotação diferente no Brasil nos últimos anos, com uma relação direta com o movimento que governou o país nos últimos quatro anos. Para muita gente, ser patriota não é só amar o país, mas fazê-lo de forma incondicional e demonstrar esse amor com o uso de símbolos nacionais como cores e bandeiras.
Na Copa do Mundo, a paixão pelo esporte mais popular do planeta se mistura com a sensação de pertencer a um local, a uma cultura, de fazer parte de uma história que muitas vezes aconteceu antes mesmo do nosso nascimento. É aquela emoção na hora do hino, a mão no peito, a explosão na hora da vitória e o choro na hora da derrota.
Aqui nos EUA, a coisa é muito parecida. Um colunista conservador daqui se queixou da roupa usada pelo técnico americano Gregg Berhalter no primeiro jogo da Copa. A camiseta preta tinha a palavra States escrita na altura do peito. Para o colunista, faltaram as cores da bandeira americana, o azul, o vermelho e o branco. E outros símbolos nacionais, como uma águia, por exemplo.
Mas como fica essa ligação com a pátria em um mundo em que a ideia de nacionalidade é cada vez mais fluida? Mais de 130 atletas inscritos para a Copa do Mundo do Catar representam seleções de países onde não nasceram. Alguns são filhos de refugiados ou se mudaram com a familia para um novo país. Enquanto uns adotaram a nova nação, outros preferiram representar o país onde nasceram os pais.
Até as torcidas não são só ligadas ao país de origem. Vídeos de grandes comemorações em gols do Brasil em países como Haiti e Bangladesh viralizaram, assim como cenas lamentáveis entre torcedores do Brasil e da Argentina que curtiam a Copa do Mundo na Índia. E há também aqueles que preferem não torcer pela seleção do seu país.
Em um caso mais extremo, o Catar contratou mais de 1.500 torcedores de países como Líbano, Egito, Argélia e Síria para animar a festa nas arquibancadas, de acordo com reportagem do The New York Times. Eles ganharam passagem, hospedagem, ingressos e diárias, e só precisaram estar lá dias antes para alguns ensaios.
Por tudo isso, é fundamental não confundir o real significado de patriotismo com o simples ato de vestir cores e símbolos de um país. Pode ser na Copa ou em qualquer outra ocasião. A Copa é apenas o maior torneio de um esporte fascinante, nada além de quatro maravilhosas semanas de uma dose pouco saudável de futebol.
Que sejamos livres para torcer para qualquer craque, com qualquer camisa. E para vibrar mesmo quando nosso país não se classifica ou não tem a menor chance de chegar ao Mundial.
Sergio Patrick é especializado em comunicação corporativa e escreve mensalmente na Máquina do Esporte