O tsunami de demissões que vem assolando as big techs desde o final de 2022 apresenta números altíssimos. Apenas entre Twitter, Meta, Microsoft, Amazon e Alphabet (Google) são aproximadamente 65 mil demitidos nos últimos cinco meses. Com a saída em massa de funcionários, as redes sociais já oferecem uma experiência diferente à que o fã estava acostumado.
Com estrutura bem mais enxuta, as plataformas consequentemente têm muito menos profissionais para atender a imensidão de confederações, ligas, clubes, atletas e influenciadores interessados em produzir conteúdo de acordo com as melhores práticas de cada uma delas. Assim, as chances de promover ações maiores caem de forma vertiginosa.
O conteúdo rotineiro, que fica a cargo dos administradores dos perfis e não dos profissionais das plataformas, não vai mudar. Vídeos, artes, fotos, gifs, textos e enquetes, entre outras formas de se comunicar e interagir com os fãs, seguirão na timeline de todas as redes sociais. No entanto, grandes ações que geram buzz, cases e ainda mais movimento em dias pontuais, diminuirão muito nas plataformas que promoveram um alto volume de demissões, pois também dependem de muita gente boa que está, ou infelizmente estava, do lado de lá do balcão.
Com os cortes, os fãs perderão grandes oportunidades de interagir e demonstrar a sua paixão nas redes sociais. No Twitter, por exemplo, ações como a batalha de hashtags que precedeu a final da Conmebol Libertadores de 2020 e que definiu as cores da iluminação do Maracanã na véspera de Palmeiras x Santos não devem mais acontecer por um bom tempo. Outra ausência serão os emojis de clubes, que ocasionalmente eram oferecidos dentro da plataforma.
Na Meta, os inúmeros summits organizados que reuniam melhores práticas e cases, além da enorme possibilidade de troca de experiências entre os convidados, já não acontecem presencialmente há algum tempo. Grandes projetos de conteúdo geridos por profissionais da plataforma ou realizados em coprodução com parceiros estratégicos, que culminaram até em compras de direitos de transmissão de grandes eventos ou mesmo em campanhas que chegaram a estampar os logotipos das redes sociais da empresa nos uniformes de grandes clubes, estão escassos pelo número menor de funcionários.
Na contramão do movimento, está o TikTok. Sem demissões e com muitas vagas abertas (basta uma passada na página da plataforma no LinkedIn para conferir), a rede social chinesa deve oferecer aos torcedores, nos próximos meses, uma experiência mais completa, com ações maiores e marcantes, que as demais. A realização do lendário Rockgol recentemente é um exemplo de fôlego que apenas o TikTok tem atualmente entre as principais redes sociais.
O cenário é bastante incerto e as notícias que chegam da maioria das big techs não são muito animadoras, mas a torcida é para que o fôlego de todas seja retomado em um futuro próximo. Se isso acontecer, os fãs certamente voltarão a ter mais opções de uma experiência ainda melhor e mais completa de engajamento com o esporte na segunda tela, ou já na primeira, para muitos. Do contrário, acredito que veremos em breve uma nova mudança de consumo no conteúdo digital.
André Stepan é jornalista, pós-graduado em marketing esportivo, especialista em comunicação e conteúdo digital, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte