Todo início de ano, uma nova temporada esportiva se inicia em todo o Brasil, com várias contratações de atletas, técnicos e diretores, e a melhoria das condições das instalações fica sempre em segundo plano. Quando existe, resume-se às áreas de competição e gramado. Raras são as instituições que realmente se importam em organizar e manter em ordem a casa para a nova temporada.
Corremos o mesmo perigo de sempre, com instalações com pouca manutenção, operando no básico, para ter as aprovações necessárias de federações e órgãos públicos. Muitas vezes, o responsável pela manutenção do equipamento é obrigado a entregar o estádio com o mínimo de condições, a todo custo, pois é inimaginável que, por falta dos laudos obrigatórios, sua equipe não dispute a competição em casa.
O tempo é cruel em relação às estruturas geridas incorretamente. Preocupar-se com a pintura da cadeira, mas não se preocupar com a estrutura do piso que está abaixo dela é perigoso. Fora os mais diversos casos de infiltrações, instalações elétricas “adaptadas”, falta de acessibilidade, etc. Se a manutenção não for constante, o risco de ocorrerem acidentes é cada vez maior.
As instituições esportivas e federações precisam entender que o torcedor está ficando cada vez mais exigente e deixando de ir aos estádios por não haver as mínimas condições de segurança e higiene. Infelizmente, ainda temos muitos gestores que continuam achando que passar uma mão de tinta resolve, sem se preocupar com o bem-estar dos frequentadores de sua instalação. Isso ainda é mais preocupante com os clubes menores, que dependem da presença de público para aumentar suas receitas.
É responsabilidade de clubes, instituições e federações esportivas proporcionar um ambiente seguro para seus praticantes, sócios, torcedores e trabalhadores. É preciso existir um maior rigor no cumprimento das políticas e padrões de segurança na manutenção das instalações esportivas no Brasil. É necessário criar novas leis, específicas para o setor, com normas rígidas para segurança, manutenção e higiene, supervisionadas por profissionais qualificados e experientes. E, na falta do cumprimento, tem que haver a aplicação de multas com altos valores, pois, no nosso país, só dói quando sai do bolso.
Precisamos cobrar por melhores condições. Não é preciso que aconteça uma tragédia para fazer o que é certo.
Kleber Borges é presidente da Associação Latino-Americana dos Gestores de Instalações Desportivas (Alagid) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte