O Ministério da Fazenda (MF) entrou no mês de outubro com um roteiro de patacoadas digno de Os Trapalhões.
Começou com uma entrevista dada pelo ministro Fernando Haddad, em que ele afirmou que, no dia 1º de outubro, até o meio-dia, seria divulgada a lista de empresas de apostas que estariam liberadas para atuar no Brasil.
Fez isso dizendo para os apostadores “tirarem seu dinheiro” das casas o quanto antes, para não correrem o risco de ficar sem a grana após o site ser bloqueado no Brasil.
Ou seja: Haddad causou pânico nas pessoas para depois tentar mostrar que haveria um tempo, curto, para seguir apostando sem medo.
Só que a promessa do ministro não se concretizou. Na terça-feira (1º), o Ministério da Fazenda só foi liberar a lista de casas de apostas permitidas a atuar no país no meio da noite.
A partir daí, começou o efeito cascata da desinformação.
Algumas marcas grandes, que patrocinam clubes das Séries A e B do Brasileirão, ficaram fora da lista do governo. Ou seja, a partir de 11 de outubro, elas não poderão mais estar “on”.
Aí, na noite de quarta-feira (2), poucos minutos antes de entrarmos na madrugada desta quinta-feira (3), o Ministério da Fazenda divulgou uma “atualização” da lista de bets permitidas. E apontou um “erro de sistema” para justificar a ausência de algumas marcas na relação.
Não contente em fazer essa lambança, na manhã desta quinta-feira (3), a matéria do site do Ministério que levava para a lista de empresas autorizadas a operar mudou o link de redirecionamento. E a relação que está disponível para consulta segue sendo a mesma que foi divulgada na noite do dia 1º.
Quando deu a entrevista para colocar o prazo-limite para as casas de apostas funcionarem, Haddad vangloriou-se de que o atual governo é o único a realmente ter trabalhado para regulamentar o funcionamento das casas de apostas no Brasil.
O ministro também fez questão de ressaltar os dados alarmantes de aumento do vício em jogos de azar e apostas sem controle que tem sido cada vez mais comum no país, especialmente entre as pessoas de baixa renda e, pasmem, usando dinheiro de programas sociais do Governo Federal para jogar.
Haddad bate muito na tecla do Jogo Responsável. Faz alarde público de que temos de ser responsáveis para tratar o tema no Brasil. Compara, inclusive, os riscos do vício em apostas com aqueles que reduziram o campo de atuação da indústria do cigarro.
O problema é que, até agora, o Ministério da Fazenda e o Governo Federal têm sido completamente irresponsáveis ao tratar do tema das apostas esportivas. Fizeram muito alarde, falaram que fariam e têm feito tudo no atropelo.
A atitude governamental serviu apenas para gerar pânico entre as pessoas e uma corrida para tirar o dinheiro suado de dentro das casas. Ou o Governo Federal aprende que ele também tem de ser responsável dentro desse jogo ou os danos para a indústria serão ainda maiores.