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Efeito Neymar: Venda de camisas, camisas e… camisas!

Santos precisa aproveitar a presença do camisa 10, pensando em um plano para o lançamento de mais produtos do craque, como itens colecionáveis, por exemplo

Neymar comemora gol feito pelo Santos após voltar ao clube que o revelou - Raul Baretta / Santos

Parecia um sonho distante. E era, realmente. Depois que o Al-Hilal anunciou não contar mais com Neymar, surgiram especulações sobre Barcelona, Inter Miami, Flamengo… e o Santos enxergou uma oportunidade, ainda que mínima, de repatriar o “Menino Ney”. Poucos acreditavam, mas o Santos mantinha a esperança.

Não sei detalhes nem tenho informações sobre a negociação e os acordos que fizeram Neymar desembarcar na Vila Belmiro (hoje Viva Vila Sorte) no último dia de janeiro. Fala-se até de uma proposta do pai de Neymar para a compra a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Santos. Mas o fato é que Neymar chegou ao Brasil sorrindo, voltou aos gramados feliz, fez explodir as redes sociais e o programa Sócio Rei, e já marcou até gol olímpico.

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O craque voltou para vestir a icônica camisa 10 do Santos, sonhando reviver os seus momentos de “Menino da Vila” e fazendo o torcedor santista sonhar também com dias melhores.

E, como era de se esperar, Neymar fez as vendas de camisas voarem, forçando a Umbro a ativar o botão de emergência para atender a uma enorme demanda. A empresa já anunciou, inclusive, que lançará uma camisa azul, marcante em 2012, como parte das homenagem ao retorno do camisa 10.

Enfim, a marca vendeu muitas camisas, ainda venderá muitas outras, mas vamos ficar só nas camisas?

Neymar comemora gol pelo Santos na final do Paulistão 2012 com a famosa camisa azul – Ricardo Saibun / Santos

Procurei na internet notícias e informações, mas todas, absolutamente todas, só falam das vendas de camisas. Só camisas. Mais nada.

Não vou ser injusto. Claro que isso é uma provocação. Até porque entendo que o Santos não teve tempo de respirar, de pensar ou montar qualquer estratégia focada em outros produtos com a avalanche Neymar. Mas, lembrando de outros momentos recentes da chegada de astros internacionais ao país (David Luiz, Thiago Silva e Phillipe Coutinho, entre outros), não se pode perder uma oportunidade dessas. Ainda mais sendo quem é.

Neymar merece um plano parrudo do clube e dos parceiros para o lançamento de mais produtos, como itens colecionáveis, por exemplo, pensados para fãs de todas as idades, que o conectem com seus milhões de admiradores. É preciso aproximar o craque do público.

Torcedor acha camisa, acha boné, quer a camisa nova que é lançada a cada seis meses, encontra a tábua de churrasco, a caneca e o chinelo na loja oficial. Mas o fã, não. O fã quer ter em casa algo que simbolize emoção, que traduza a admiração e a relação que ele nutre pelo seu herói, quer ter algo mais especial, mais exclusivo, até único muitas vezes.

Camisa usada por Neymar em seu primeiro jogo no retorno ao Santos foi a leilão – Reprodução

Sempre fui muito crítico (e por isso fundamos a Memorabília do Esporte) de que o mercado brasileiro não enxerga ou tem preguiça de entender o potencial do fã, trilhando, assim, o caminho mais fácil e simples de espalhar produtos pouco interessantes ou ruins nas lojas oficiais e no e-commerce. De novo: fã e torcedor são coisas muito diferentes.

Não é querer vender o meu peixe (com o perdão do trocadilho), mas pensar em séries de cards, miniaturas, medalhas, quadros, coleções e séries limitadas, autografadas, certificadas, peças originais, enfim, itens que tragam conexões autênticas de Neymar com seus fãs, é fundamental. Novamente: falando de fãs, não de torcedores.

Neymar é o maior ídolo brasileiro dos últimos 10 anos. Gostem ou não. Sua volta ao Brasil, a pouco mais de um ano para a Copa do Mundo, é a chance de aproximar o camisa 10 dos brasileiros, de recuperar essa sintonia. A distância dos últimos anos só fez mal à relação com a torcida, e aproveitar essa oportunidade é mais do que necessário. É obrigatório.

Nota: Santos e Neymar atuam juntos na coleta e cessão de itens únicos para o leilão anual do Instituto Neymar Jr (INJR). Foi assim com a camisa e as chuteiras usadas pelo craque em seu primeiro jogo neste retorno, contra o Botafogo-SP, e com o seu armário no vestiário da Vila Viva Sorte, entre outros. Os valores arrecadados ajudam a financiar os projetos sociais do INJR.

Samy Vaisman é jornalista, sócio-diretor da MPC Rio Comunicação (@mpcriocom) e cofundador da Memorabília do Esporte (@memorabiliadoesporte)