Quando recebi a notícia de que publicaria um artigo nos primeiros dias de 2023 para a Máquina do Esporte, logo pensei em escrever sobre as oportunidades e desafios no relacionamento com o fã para este ano. E encontrei um estudo da Oracle com 5.640 pessoas sobre o torcedor e suas exigências para um matchday dos sonhos. Você sabe: a bilheteria é uma renda importante para os clubes, e a pandemia deixou esse tema latente. Portanto, nada mais conveniente do que continuarmos a falar sobre o assunto.
Resumindo, quem vai ao campo não enxerga a partida em si como a única atração, principalmente os mais jovens. Agora, se faz necessário oferecer uma boa conexão nos estádios para garantir experiências diferentes, como pedir e receber comida/bebida em seus lugares e emitir o ingresso digital. O motivo de tanto apreço pela tecnologia não é somente a intimidade; há também um sentimento de urgência.
De acordo com a pesquisa da Oracle, 80% dos respondentes estão insatisfeitos com a espera em longas filas para as lanchonetes. A maioria (70%) acredita que a falta de pessoal está prejudicando o atendimento, sendo que 53% prefere uma experiência de autoatendimento ao invés de conversar com um humano. Para 57%, o melhor caminho é pré-encomendar uma refeição, e um terço pagaria mais para receber seu pedido mais rápido.
Além disso, 53% estão interessados em receber ofertas especiais para atividades antes do jogo, 42% gostariam de ir além do ingresso digital e usar a impressão digital para acessar o estádio, 38% querem acessar estatísticas durante a partida, e 53% acham que seria incrível interagir com times e atletas no metaverso.
Todos esses tópicos são muito interessantes, e podemos fazer algumas reflexões sobre as possibilidades oferecidas pela conectividade no estádio do seu time de coração. Mas em meio à análise desta pesquisa, a Copa do Mundo havia terminado, e os fãs de futebol finalmente chegaram a um acordo de que Lionel Messi era melhor que Cristiano Ronaldo. Agora, a comparação era com Diego Maradona.
Li algumas matérias sobre o tema e cheguei à seguinte conclusão: emoção não se mede, se sente! Não há como comparar Messi com CR7 ou Maradona porque não temos como precisar um sentimento. Em uma era em que números de engajamento, transmissão e audiência são elevados à máxima potência, o que importa, de fato, não tem métrica.
E após me dar por satisfeito com essa análise, eis que o maior jogador de futebol de todos os tempos se foi. Mas como eu sei que ele é o “Rei” se acabei de dizer que não temos como colocar números em sensações? Cerca de 230 mil pessoas (em uma cidade de 433 mil) acompanharam seu velório em Santos, mas só se falou da ausência dos tetra e pentacampeões mundiais. Bem, um atleta só é o “maior” porque a torcida do mundo todo o julgou assim. O que importa quem não estava lá? E os quase 250 mil fãs que estavam? Pelé é gigante demais.
Dizem que, na época dele, os atletas jogavam por amor, e agora só se fala em fama e dinheiro. O jogador de futebol pode até ter mudado, mas e o comportamento do torcedor? Esse nunca mudou. O mercado do marketing esportivo analisa muitas pesquisas semana após semana para tentar antecipar tendências, mas as homenagens a Pelé por todo o planeta nos demonstraram claramente que nenhuma conseguirá descrever com exatidão esse sentimento de amar um esporte, um time ou um atleta.
Pelé é tricampeão mundial (a primeira vez com 17 anos, jogando e marcando gols) e naquela época já fazia muitas das jogadas geniais que vemos atualmente. Muitos dizem que o Rei não seria o mesmo se jogasse hoje em dia. Têm razão, ele seria melhor ainda.
Até a próxima!
Reginaldo Diniz é cofundador e CEO do Grupo End to End e escreve mensalmente na Máquina do Esporte