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Futebol nos EUA: Mercado gigantesco e estrutura invejável

Crescimento da modalidade no país é real e consistente, mas ainda faltam a espontaneidade, a improvisação e a presença orgânica nas ruas e no cotidiano das pessoas

Crescimento do futebol nos EUA é real e consistente, mas modalidade não faz parte da identidade nacional como no Brasil - Reprodução

É um enorme prazer começar essa jornada com o público que acompanha o dia a dia da Máquina do Esporte e passar a fazer parte de um time altamente qualificado, formado por pessoas apaixonadas por esporte e tudo o que envolve esse universo.

Sou um profissional de marketing esportivo com mais de 25 anos de experiência e tive a oportunidade de trabalhar com marcas globais como Nike, Samsung, Adidas e, atualmente, integro o time da Federação de Futebol dos Estados Unidos (U.S. Soccer), nos Estados Unidos.

Minha coluna será focada (mas não exclusivamente) em compartilhar um pouco do que vejo, vivo e aprendo no mercado do futebol (aqui conhecido como “soccer”) em território norte-americano.

Para dar o pontapé inicial, nada mais justo do que trazer uma introdução básica sobre o cenário do futebol por aqui.

A primeira conclusão pode parecer óbvia, mas precisa ser destacada: o mercado é gigantesco. Em todos os sentidos. Das ligas profissionais às amadoras, passando por escolas de futebol, futebol recreativo (“recreational soccer”), ligas de ensino médio e universidades, centros esportivos comunitários e muito mais.

Enquanto no Brasil somos criativos o suficiente para improvisar uma pelada com chinelos como traves e latinhas como bolas, aqui nos EUA o que não falta é estrutura. Campos de grama natural e sintética, ligas amadoras bem organizadas e com calendário definido, árbitros, uniformes, acesso a material esportivo, treinadores qualificados… enfim, uma base real e sólida para sustentar o jogo.

Mas o inverso também é verdadeiro. Ainda faltam ao “soccer” norte-americano a espontaneidade, a improvisação e a presença orgânica nas ruas e no cotidiano das pessoas. Diferentemente do Brasil, onde o futebol é parte da identidade nacional, aqui ele divide espaço (e orçamento, mídia e atenção) com esportes como futebol americano, basquete, beisebol, lacrosse e atletismo, entre outros.

Ainda assim, o crescimento do futebol é real e consistente. Falo com propriedade, não só pela minha atuação profissional (vivendo e pensando o futebol 24 horas por dia) mas também como pai de dois filhos que participam ativamente do sistema de futebol juvenil (“youth soccer”) local. Eles fazem parte do modelo chamado “pay to play”, em que os pais pagam mensalidades para que as crianças tenham acesso à estrutura que mencionei acima.

Estamos nos Estados Unidos há três anos, e até hoje me impressiono com a quantidade de crianças envolvidas com o futebol. Durante a semana, ao final da tarde, ir aos centros de treinamento para acompanhar os treinos ainda me surpreende. Imagine um complexo com seis campos de grama, todos geralmente divididos ao meio para acomodar categorias diferentes, todos ocupados por crianças treinando e com uma equação incrível entre quantidade e qualidade.

Além disso, há outros campos onde acontece o chamado “recreational soccer”, uma opção mais acessível para famílias que não podem ou não querem arcar com os custos do “pay to play”. É uma alternativa mais barata, com menor nível competitivo e menos deslocamentos, mas que também cumpre um papel importante: integrar a criança à sociedade local por meio do esporte.

Não estou aqui para julgar ou defender o sistema. Minha intenção é simplesmente compartilhar o que tenho aprendido e vivido no dia a dia do futebol nos EUA.

No meu escopo profissional, a pergunta que sempre nos guia é: como fazer o futebol crescer, em todos os aspectos? Esforços estão sendo feitos, planos estão em andamento e há, sim, muitos avanços, mas esse é um tema para outra coluna.

Nesta quinta-feira (5), meus amigos, queria apenas me apresentar e iniciar essa jornada do “Soccer in the USA” com vocês.

Cristiano Benassi, executivo de marketing esportivo com mais de 20 anos de experiência em empresas como Nike, Samsung e Adidas, é atualmente diretor de produtos de consumo da Federação de Futebol dos Estados Unidos (U.S. Soccer), responsável pela parceria da entidade com a Nike. Formado em Propaganda & Marketing, com MBA em Gestão de Marketing Esportivo, também já atuou na liderança de parcerias estratégicas com atletas, clubes, federações e grandes eventos como Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Champions League