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Gabriel Bortoleto, a revolução digital e a chance de furar a bolha do esporte a motor no Brasil

Retorno da bandeira verde e amarela ao paddock da principal categoria do automobilismo mundial em um GP em casa, depois de quase uma década, estabelece um novo horizonte no país

Gabriel Bortoleto correrá pela primeira vez em casa a bordo de um F1 neste fim de semana - Reprodução / X (@stakef1team_ks)

Há três semanas reagi a um story do excelente Adalberto Leister Filho, que havia postado uma imagem de mais um fórum de debate do mercado esportivo, em que ele observava que estávamos passando por um recorde de simpósios, mesas-redondas e eventos de debate do segmento à época.

Comentei que acreditava que nenhum deles havia tangenciado o esporte a motor, que permanece sendo “um bicho à parte” nesse cenário. A impressão foi confirmada a seguir pelo excelente repórter da Máquina do Esporte.

Não é um fenômeno isolado. Considerando-se o universo esportivo brasileiro (assim como em alguns outros mercados do mundo), o esporte a motor representa o nicho do nicho do nicho. Está na fronteira entre o mundo do esporte e o dos automóveis, praticamente em um ecossistema à parte. Não por acaso, o tradicional jornal francês L’Équipe já teria usado como slogan “o diário de todos os esportes e do automobilismo”.

Corta para a semana do GP São Paulo de Fórmula 1.

Recebi, na manhã desta quinta-feira (6), a indispensável newsletter Engrenagem, feita pelo pessoal da Máquina, com um bloco dedicado às mais diversas experiências e ativações no marco da passagem da F1 por São Paulo. São muitas novidades, grandes sacadas e dados robustos.

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Então, surge a inevitável questão do legado.

Além da reforma do Autódromo de Interlagos, o que o boom do tradicionalíssimo Grande Prêmio em São Paulo deixa para o mercado?

Agora, com o retorno da bandeira verde e amarela ao paddock da principal categoria depois de quase uma década, temos um novo horizonte.

É desnecessário comentar o quanto mudou o mercado desde a última temporada de Felipe Massa na F1 até o ano de 2025. Catapultado pela revolução das mídias digitais, o mercado hoje faz o de 2017 ter cheiro de naftalina.

Naquela última temporada de um brasileiro na F1, a categoria, ainda nos ecos da visão de negócio do então recém-demitido Bernie Ecclestone, derrubava vídeos postados pelos torcedores no YouTube.

A Liberty Media, então, de forma calculada e decisiva, mudou o rumo das coisas. Veio o “Drive To Survive” e, subitamente, a categoria se revitalizou surfando na onda da nova visão de mercado dos acionistas norte-americanos.

Mas não havia mais prancha brasileira naquele tsunami que colocou a F1 em um patamar onde nunca havia estado ao longo de sua longa história, iniciada em 1950.

Agora há. E a presença de Gabriel Bortoleto no GP em casa pela primeira vez traz dados muito auspiciosos, mostrando que o esporte a motor tem como furar sua tradicional bolha, sair do interesse nichado e se posicionar de forma decisiva e nova no cenário dos negócios do esporte.

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Um estudo da Kantar Ibope Media publicado na última quarta-feira (5) mostrou que, até o ano passado, virtualmente desconhecido do grande público, Gabriel Bortoleto, piloto de F1 em 2025, alcançou dados inéditos no CelebScore.

Naturalmente é no segmento automotivo que ele desponta, com um respeitabilíssimo sexto lugar no ranking. Mas o piloto se destacou também em atributos como “Jovem/Experimentador” e “Aventureiro/Multicultural”, figurando no Top 20 das duas dimensões pesquisadas. A pesquisa conta com centenas de celebridades nacionais e internacionais, e é ferramenta essencial para tomada de decisão no uso de celebridades em campanhas publicitárias.

Se, em menos de um ano completo na F1, Bortoleto atingiu tal patamar, fica bem claro o potencial que os protagonistas do automobilismo, em todos os níveis em que o esporte é praticado, têm para percorrer.

O artigo acima reflete a opinião do colunista e não necessariamente a da Máquina do Esporte

Luis Ferrari é sócio-fundador da Ferrari Promo, agência-boutique com ênfase no mercado do esporte a motor, e possui formações em Jornalismo e Direito, extensão universitária em Marketing e pós-graduação em Jornalismo Literário, além de ser empresário de relações públicas

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