Não vi Garrincha jogar. Vi, claro, e por diversas vezes, os vídeos do canal 100 e imagens que ilustraram matérias de TV que falam de “Mané”. Esse ano, isso vem acontecendo com mais frequência, pela proximidade com a Copa do Mundo do Catar e por ser um ano especial pela comemoração de 60 anos do bicampeonato do Chile (1962), título que teve Garrincha como protagonista.
Para muitos, o melhor camisa 7 da história. E nem é preciso ter visto Garrincha jogar para concordar…
Olhando para o mercado de colecionáveis, pensando nos fãs de Garrincha (e do futebol), não há opções de produtos. O que se acha no mercado secundário – leia-se Mercado Livre e e-Bay – são anúncios de camisas retrô, figurinhas antigas, cópias de fotos e até cards com autógrafos impressos.
Nada que possa ser considerado item de coleção. É possível achar alguns bonequinhos naquele estilo “mini craque”, os cabeçudinhos, mas isso não enche os olhos ou convence quem busca produtos do eterno camisa 7.
Garrincha é conhecido e reconhecido. Lembrado e exaltado. Mas as homenagens a Mané foram poucas (raras), um pouco em razão da maneira como escolheu viver seus últimos anos, em muito pela morte precoce, infelizmente.
Eram outros tempos, claro, mas convenhamos também que o Brasil não é exatamente um país que respeita e preserva a memória e a história dos seus ídolos. Iniciativas de respeito e valorização de ídolos passam longe de serem regra, são exceção na cultura do nosso país. Aquela história da “memória curta”…
Mas o “Anjo das Pernas Tortas” nunca foi esquecido. É um ícone nacional. E, agora, Garrincha será celebrado de maneira única, inédita, em iniciativa que vai trazer um tom diferente e surpreender o mercado de produtos licenciados.
Um plano desenvolvido pela Memorabília do Esporte vai trazer de volta a irreverência do ídolo do Botafogo e da Seleção Brasileira. Em alguns dias, no comecinho de agosto, serão lançadas estátuas realistas de Garrincha, peças feitas em resina “pedra”, pintadas à mão, que terão selos e certificados de autenticidade.
Trata-se de uma coleção limitada, linha que encabeça um “pacote” de itens oficiais e exclusivos do camisa 7 que inclui uma coleção limitada, seriada e inédita de moedas, a produção de revista em quadrinhos no padrão americano, entre outros projetos e produtos que serão anunciados ainda neste semestre.
Dá orgulho de escrever sobre esse projeto, que começou há pouco mais de um ano e que nasceu da vontade de homenagear alguém tão “singular” que não viveu para receber todas as honras que merecia. Um projeto que tem o apoio da família, que vê satisfeito um desejo de manter viva a história de Manoel Francisco dos Santos.
Garrincha, que completaria 90 anos em 2023, merece ser lembrado sempre por seu legado, por tudo que fez e por tudo que representa para o nosso futebol. Para alegria dos fãs de Mané e tristeza de cada “João” que cruzou o seu caminho.
Samy Vaisman é jornalista, sócio-diretor da MPC Rio Comunicação (@mpcriocom), cofundador da Memorabília do Esporte (@memorabiliadoesporte) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte