Nos últimos anos, o crescimento acelerado das casas de apostas no Brasil tem gerado visibilidade para o setor, ampliado oportunidades de negócio e acirrado os debates em torno da legalidade e regulamentação dessas plataformas. São Paulo, como o principal centro econômico do país, concentra uma fatia significativa dos operadores e apostadores, configurando-se como um polo estratégico para a expansão desse mercado. Contudo, o cenário ainda é marcado por desafios regulatórios que precisam ser superados para consolidar uma operação transparente e em conformidade com a lei.
A regulamentação em evolução
A legalização das apostas esportivas no Brasil deu um importante passo em 2018, com a aprovação da Lei 13.756/18, que autorizou as apostas de quota fixa em eventos esportivos. Apesar de representar um avanço, a lei deixou lacunas em relação às práticas regulatórias e mecanismos de fiscalização. Esse cenário de incerteza se estendeu até 2023, quando o Governo Federal sancionou a Lei 14.790/23, trazendo diretrizes claras para a operação das casas de apostas e reforçando critérios de licenciamento e fiscalização.
Licenciamento e fiscalização
De acordo com a nova legislação, todas as casas de apostas que desejam operar no Brasil precisam obter uma licença concedida pelo Ministério da Fazenda. Esse processo visa a aumentar a transparência e combater práticas ilegais, como fraudes e lavagem de dinheiro. Em São Paulo, autoridades locais têm colaborado com o Governo Federal para intensificar a fiscalização e garantir que apenas plataformas licenciadas possam operar.
“O licenciamento é um passo crucial para proteger os consumidores e garantir que as operações ocorram de forma ética e transparente”, afirmou Eduardo Monteiro, advogado especializado em direito esportivo e apostas.
Desafios e polêmicas
Apesar dos avanços, o mercado de apostas em São Paulo ainda enfrenta desafios significativos. A falta de regulamentação específica para publicidade e patrocínios gera preocupações sobre o impacto das campanhas de marketing em públicos vulneráveis, especialmente os jovens.
Outro ponto de atenção é a necessidade de combater o vício em jogos. Especialistas defendem que parte das receitas arrecadadas pelas casas de apostas deve ser destinada a campanhas de conscientização e tratamento de jogadores compulsivos.
Impacto econômico
Com a regulamentação em vigor, São Paulo pode se tornar um polo estratégico para o mercado de apostas na América Latina. As projeções indicam que o setor pode gerar R$ 20 bilhões em receitas até 2025, além de criar milhares de empregos em áreas como tecnologia, marketing e atendimento ao cliente.
Além disso, a tributação das apostas pode representar um alívio financeiro para os cofres públicos. Segundo o novo modelo, as empresas pagam 18% de imposto sobre a receita bruta, e os apostadores devem contribuir com 30% sobre os prêmios superiores a R$ 2.112.
O futuro das apostas em São Paulo
Com o avanço da regulamentação e maior fiscalização, a tendência é de que as casas de apostas operem com mais segurança jurídica, transparência e responsabilidade social. Esse movimento não apenas garante a proteção dos consumidores, mas também fortalece a economia e a indústria esportiva paulista.
Para os apostadores e operadores, o jogo mudou. Agora, a aposta é na legalidade e na construção de um mercado sólido e ético que possa beneficiar a todos.
Rogério Lobo é professor de graduação do curso de Administração de Empresas da ESPM e leciona as disciplinas Introdução à Aprendizagem Estatística e Phyton for Finance Analytics (Phyton para Análise Financeira)