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Liderança na prática: lições do futebol para o mundo corporativo

Casos recentes envolvendo Renato Gaúcho, no Fluminense, e Filipe Luis, no Flamengo, mostram os desafios de quem está no comando

O técnico Renato Gaúcho comemora com seus comandados o segundo gol na vitória sobre a Inter de Milão pela Copa do Mundo de Clubes - Marcelo Gonçalves / Fluminense

O técnico Renato Gaúcho comemora com seus comandados o segundo gol na vitória sobre a Inter de Milão pela Copa do Mundo de Clubes - Marcelo Gonçalves / Fluminense

Hoje trago na minha coluna um tema pelo qual sou apaixonado e tenho me aprofundado cada vez mais conforme a minha agência cresce e, com ela, a minha responsabilidade também. Liderança, afinal, não há empresa que cresça sem que um líder capacitado seja um dos principais responsáveis por isso.

Gosto de falar desse assunto pois de três anos pra cá tenho me aprofundado, estudado e me capacitado, já que  hoje tenho a responsabilidade de gerir uma empresa com 42 colaboradores e sem liderança não há crescimento, sem liderança não há comprometimento,  nem alinhamento estratégico e propósito empresarial.

Recentemente no futebol brasileiro, tivemos dois episódios que representam bem a importância dos atributos de liderança estarem afiados para viabilizar a tomada  de decisão certa diante da pressão que somente o futebol gera no dia a dia.

O primeiro episódio que trago é o perfil de liderança de Renato Gaúcho, técnico supervencedor, campeão da Libertadores, ídolo do Grêmio, consequência dos feitos dentro e fora de campo. Renato assumiu o Fluminense recentemente já classificado para a Copa do Mundo de Clubes e levou o clube ao quarto lugar deste torneio que despertou atenção global.

O treinador não tinha nem de perto o quarto melhor elenco dos 32 times que disputaram a competição, mas o Renato tem habilidade de gerir uma equipe que poucos brasileiros têm. Ele fala a linguagem do jogador. Segundo soube com alguns amigos do Flu, Renato gosta muito de falar, mas também gosta muito de ouvir. E um acontecimento deixou  isso claro, quando no jogo contra a Inter de Milão ele aceitou as sugestões táticas de Thiago Silva e o elogiou na coletiva de imprensa após a partida.

Já o segundo episódio retrata o atrito que envolveu  Filipe Luís e Pedro,  ambos do Flamengo. Na coletiva após o jogo contra o São Paulo, o treinador expôs o seu ponto de vista e se posicionou de uma maneira bem incisiva para justificar o porquê da não utilização do atleta naquela partida. Algumas pessoas questionaram se o treinador acertou ao expor o atleta usando termos como “lamentável, beirou o ridículo”, entre outras.

Independentemente do erro cometido pelo seu liderado, qual é a postura ideal para uma possível punição? Eu confesso que sou da premissa da boa e velha frase que diz “roupa suja se lava em casa”. Tem outra que me identifico demais também que é: “Elogie em público, corrija no particular”.

No final das contas, a gestão de crise – independentemente da sua proporção – precisa ser estruturada para proteger a imagem e reputação de uma empresa e envolvidos.  O que é visto pelo público costuma ser a ponta final de uma adversidade. Por trás existem muitas outras camadas  e o fit cultural é uma delas. Será que todos os colaboradores de um clube, por exemplo, realmente compreendem e se identificam com os valores e propósitos do local onde trabalham?

Claro que quando traçamos um paralelo para o mundo corporativo, não temos a pressão de milhões de torcedores e de uma imprensa diariamente querendo saber o que acontece dentro da sua empresa. E naquele momento a pressão em cima de Filipe Luís estava grande, mas ainda assim, eu teria ido por outro caminho.

Filipe destacou que até os dados de GPS mostravam o baixo rendimento do atleta — e essa lógica se aplica ao mundo corporativo. Hoje, com o apoio da tecnologia, contamos com plataformas que vão além do controle: ajudam a identificar pessoas com o fit cultural ideal, dar transparência ao desenvolvimento dos colaboradores e facilitar decisões estratégicas. Desde que adotamos a Sólides aqui na agência, o acompanhamento de desempenho, clima e perfil comportamental ficou muito mais simples. Ninguém quer ficar estagnado — todos buscam reconhecimento, valorização e evolução. E ter uma ferramenta que apoia esse processo é essencial para líderes e equipes.

Finalizo destacando que quem tem a caneta precisa   ter também o pulso e a mente preparada para entender o seu perfil de liderança e aplicá-lo de forma estratégica no dia a dia.   Conduzir um time para alcançar o melhor desempenho é uma missão desafiadora — e, muitas vezes, solitária.

Bernardo Pontes, executivo de marketing com passagens por clubes como Fluminense, Vasco, Cruzeiro, Corinthians e Flamengo, é sócio da Alob Sports, agência de marketing esportivo especializada em intermediação e ativação no esporte, que conecta atletas e personalidades esportivas a marcas