No início deste mês, estive em Londres para participar pela primeira vez da International Casino Exhibition (ICE). A ICE é um evento anual da indústria de jogos e apostas que reúne mais de 40 mil pessoas e acontece no ExCel, uma espécie de São Paulo Expo, que fica ao lado da O2 Arena.
Você que lê a Máquina do Esporte, acompanha futebol e outras modalidades, trabalha com marketing esportivo, sem dúvida vem acompanhando o protagonismo que o segmento de apostas esportivas ganhou nos últimos anos, e deve também se impressionar com o crescimento desse mercado e as cifras dos patrocínios pagos por essas casas a clubes de futebol, competições, ligas, etc.
Essa foi a última edição da ICE em Londres. A partir de 2025, ela se mudará para Barcelona. E também foi a última edição antes de entrar em vigor no Brasil a nova regulamentação do setor, acontecimento estimado para junho ou julho desse ano. Talvez esse fato explique o grande número de brasileiros no evento, com todos os tipos de objetivos, e até a existência do “Brazilian Lounge”, ponto de encontro da comunidade verde e amarela.
A ICE tem duração de três dias, conta com estandes de todos os tipos de empresas pertencentes ao segmento e alguns curiosos como empresas fabricantes de roleta e até de uniformes para crupiês.
Dentro do evento, no segundo e terceiro dia (e com o requisito de uma credencial específica para acesso), acontece a IGB Affiliate, evento que reúne mais de 6.500 pessoas e tem como principal finalidade aproximar afiliados, casas de apostas e fornecedores de tecnologia.
É na IGB que ficam os estandes das casas de apostas esportivas. As líderes globais marcam presença, e empresas de fundadores brasileiros, como EstrelaBet e Bet7k, também estavam por lá mostrando que a importância do mercado brasileiro nesse segmento só tende a crescer.
Entre os diversos públicos estão donos de casas de apostas buscando investidores estrangeiros, que devem se interessar ainda mais pelo mercado brasileiro com a iminência da regulamentação, veículos de mídia de olho nas polpudas verbas de marketing desses players, profissionais de diversos segmentos buscando aprender mais sobre o mercado e empreender, afiliados e tudo mais que você possa imaginar relacionado ao segmento.
Ao mesmo tempo que é fácil notar que, na visão dos gringos, o Brasil é a bola da vez para novos investimentos, ainda existe um misto de curiosidade e ansiedade sobre como o negócio tende a se desenvolver por aqui. É ponto pacífico entre todos que conversei que os valores de patrocínio estão muito acima do que outros mercados mais maduros costumam praticar, e que a regulamentação, apesar de trazer custos mais altos para a operação, uma vez que confere segurança jurídica, tende a atrair ainda mais players internacionais que não desembarcaram na América do Sul.
O Brasil geralmente oferece um ambiente de negócios peculiar para as mais diversas indústrias, e a tendência é que não seja diferente no segmento de apostas esportivas. Portanto, um dos principais aprendizados do evento foi que se basear integralmente em modelos de outros mercados mais maduros e reproduzi-los sem ajustes por aqui, pode não ser a melhor aposta.
Mind the Gap!
Ivan Martinho é presidente da World Surf League (WSL) na América Latina e escreve mensalmente na Máquina do Esporte