Que o Brasil tem os ingredientes para entrar em um círculo virtuoso do automobilismo já não há dúvidas. Nos últimos meses, abordei de forma detalhada um conjunto de circunstâncias capazes de alçar as corridas de carro a um patamar inédito de relevância neste século: a volta do Brasil à Fórmula 1, brasileiros trilhando caminhos de sucesso nas categorias de base dos EUA (Caio Collet) e Europa (Rafael Câmara), Porsche Cup Brasil arrebentando com mais de 70 carros nos grids em cada etapa da temporada do 20º aniversário, Nascar Brasil voando com novos times e pilotos, a muito aguardada estreia dos novos carros da Stock Car e o choque de profissionalismo na cena do Drift.
Mas não é apenas sobre quatro rodas que 2025 promete muito nas pistas, como ilustra o último fim de semana com a abertura do Moto1000GP em Cascavel (PR).
No ano passado, São Paulo (SP) foi a única cidade do planeta a receber quatro eventos mundiais da Federação Internacional de Automobilismo (FIA): o GP de F1, o ePrix de Fórmula E, as 6 Horas de São Paulo do Campeonato Mundial de Endurance (WEC) e a perna brasileira do FIA TCR World Tour.
Para 2026, a tradição brasileira no esporte a motor, o tamanho do mercado e o interesse de um público consumidor apaixonado colocaram o país na rota de mais um evento enorme: a MotoGP retornará ao Brasil para competir em Goiânia (GO).
É um marco, pois a categoria rainha do motociclismo voltará ao nosso território após um hiato de 22 anos, trazendo a reboque uma ampla gama de oportunidades.
A primeira delas já foi bem aproveitada pela capital de Goiás, para reformar o autódromo e a área dos boxes. Com a última reforma concluída em 2014, Goiânia se cristalizou como o segundo principal autódromo do Brasil, depois das derrocadas de Jacarepaguá, Curitiba e da obra interminável em Brasília. Palco de diversas edições da Corrida do Milhão, a cidade se beneficia de receber os principais eventos do esporte a motor brasileiro, com muitos deles (Stock Car, Copa Truck e Porsche Cup, por exemplo), passando mais de uma vez pelo autódromo em um mesmo ano.
Para completar, entre os especialistas, o traçado é apontado como o mais seguro para corridas de moto (e o recorde negativo de acidentes graves em Interlagos nos últimos anos corrobora a avaliação).
Agora, o mercado do esporte a motor tem mais uma vertical para desenvolver, em linha com o que a cidade de Goiânia faz com a reforma de seu autódromo.
As corridas de motocicletas no Brasil têm tradição e atraem muito público. Eventos como Moto1000GP e Superbike Brasil levam muitos torcedores aos autódromos. Mas ainda penam para sair do nicho.
Com a visibilidade que o retorno do maior evento de motociclismo do mundo ao país no ano que vem dará, as corridas sobre duas rodas prometem ter uma relevância muito maior, e isso, consequentemente, deve atingir promotores de eventos, equipes e pilotos militantes no mercado brasileiro.
Em comparação com um carro de corrida, o orçamento de um time de motociclismo é muito menor. Com o tíquete de entrada mais acessível, novos “players” podem acessar o mercado do esporte a motor patrocinando competidores no Moto1000GP, ativo que certamente será valorizado nos próximos anos com o Campeonato Mundial de MotoGP realizando uma etapa no nosso país.
Luis Ferrari é sócio-fundador da Ferrari Promo, agência-boutique com ênfase no mercado do esporte a motor, e possui formações em Jornalismo e Direito, extensão universitária em Marketing e pós-graduação em Jornalismo Literário, além de ser empresário de relações públicas