Os atletas olímpicos testemunharam um crescimento exponencial no número de seguidores em suas redes sociais, durante e após os Jogos de Paris 2024. Felizmente, os atletas paralímpicos não ficaram de fora de toda essa movimentação digital e também registraram uma grande evolução em seus perfis. Uma prova disso é que Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, é o nome que mais cresceu no Instagram no mês de setembro, de acordo com uma análise feita pelo Grupo BR Media, que mensalmente mapeia os perfis mais promissores da internet, tanto no Instagram quanto no TikTok.
Para se ter uma ideia, o nadador paralímpico, que conquistou fãs com sua performance e simpatia, reverberou nas redes sociais após os Jogos e teve o maior acréscimo de seguidores na plataforma com 804% de aumento, ou seja, ganho de mais de 400 mil seguidores.
Os números são expressivos, porém, nos levam a uma reflexão com relação ao reconhecimento do movimento paralímpico por parte da mídia brasileira. Uma divulgação mais ampla e constante poderia contribuir, e muito, para o aumento do interesse das empresas em investir no esporte como estratégia de marketing. Se puder contar com investimentos privados mais robustos, o esporte paralímpico conseguirá se profissionalizar ainda mais, melhorar a performance e ganhar maior espaço e relevância no cenário esportivo.
Os investimentos no esporte paralímpico brasileiro têm crescido ao longo dos anos e proporcionado melhorias, possibilitando a permanência do país entre as principais potências mundiais, como mostrou essa última edição das Paralimpíadas. O papel da mídia neste cenário é primordial para que o movimento ganhe espaço e seja divulgado de forma que destaque os atletas, mostre suas capacidades e desmistifique alguns estigmas. A imprensa pode contribuir para a formação de ídolos paralímpicos e, consequentemente, com o aumento do interesse pela prática esportiva, ajudar na renovação e criação de uma nova geração de medalhistas.
Quando falamos nos meios digitais, os Jogos já fornecem os holofotes necessários para as modalidades e atletas se destacarem. Porém, é importante lembrar que gerar uma evidência também no âmbito on-line é um desafio para os competidores, que não estão habituados a toda essa exposição. Eles precisam adquirir essa competência, que está se tornando tão relevante. Nesses casos, eles são como produtos, e o meio on-line é sua vitrine. Para se tornarem influenciadores, precisam criar e oferecer conteúdos atrativos e, principalmente, entender o que a audiência quer ver.
Um ponto a favor é o fato de que o brasileiro gosta muito de esportes, o que, consequentemente, faz crescer o interesse por esses profissionais e seus perfis. O atleta tem por natureza o caráter de herói para o público, são figuras que conquistam o impossível e carregam o orgulho pelo seu país, o que por si só já é um grande diferencial para transformá-lo em uma persona de destaque no ambiente digital.
Em resumo, é importante esse olhar atento para as modalidades paralímpicas. Tivemos um grande crescimento, mas ainda temos desafios para percorrer. É um caminho que pode ser percorrido junto às atividades esportivas, se aproximando do público e gerando interesse por parte das marcas. Aqueles que conseguem enxergar isso e sabem como agir conquistam medalhas em todos os aspectos.
Bruno Ranieri é head de esportes do Grupo BR Media e atua há 19 anos no desenvolvimento de negócios no universo esportivo ajudando marcas a se conectarem com o esporte e terem eficiência com a gestão dos seus patrocínios, como na Copa do Mundo do Brasil 2014 com a Hyundai e nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e na Conmebol Libertadores entre 2015 e 2018 com a Bridgestone. Ele ainda liderou a estratégia de monetização da Conmebol Libertadores e da Uefa Champions League no Facebook Watch em 2019 e, em seguida, juntou-se à LiveMode, colaborando, entre outros trabalhos, para a criação da Cazé TV na Copa do Mundo do Catar 2022 e o patrocínio do Itaú na Copa do Mundo Fifa Feminina 2023.