No último fim de semana, a cidade de Cleveland recebeu o All-Star da NBA, evento anual que reúne os principais astros da liga. E foi uma edição muito especial. A homenagem aos 76 maiores jogadores de todos os tempos fez até Michael Jordan aparecer. Ver Shaquille O’Neal, LeBron James, Jordan, Magic Johnson e tantos outros me fez lembrar de outro dia, no fim do ano, quando revirei uma gaveta e encontrei um envelope cheio de figurinhas antigas de futebol e a minha coleção de cards de basquete. Tudo já mais antigo, das décadas de 1980, 1990.
Quando criança, eu andava com um bolo de figurinhas no bolso na esperança de encontrar com os jogadores na rua ou na saída dos jogos para pegar autógrafos. Coisa de criança. Não existia celular (nem selfie), então cada autógrafo era uma experiência inesquecível. Essa coleção não tem valor financeiro, mas o valor sentimental é gigante.
O “boom” dos cards colecionáveis nos últimos anos chamou atenção de muita “gente grande”: os próprios atletas. Vários estão apostando alto nesse mercado, entre eles Shaquille O’Neal, que “rastreia” a internet e grupos de colecionadores atrás de cards seus para o acervo. E não mede esforços. Shaq não brinca em serviço: ele compra os cards “limpos” e os autografa, fazendo com que se valorizem – e muito – imediatamente. Assim é fácil também. O grego Giannis Antetokounmpo é outro que coleciona seus próprios cards e mostrou suas raridades neste vídeo.
Kevin Durant também arregalou os olhos para o mundo dos cards. E foi rápido. O ala do Brooklyn Nets juntou amigos para um investimento de mais de US$ 40 milhões (mais de R$ 200 milhões) na Goldin Auctions, a maior empresa de venda/leilões do mundo. Assim como Shaq, Durant assinou o seu “cheque em branco” autografando um card que trazia a sua foto ao lado de Kobe Bryant. O card, de série limitadíssima da Immaculate Collection, já estava assinado pelo Black Mamba e, agora, é o único assinado pelos dois. Vale uma pequena fortuna.
Existem diversos tipos, modelos e tamanhos de cards. Alguns trazem hologramas, muitos são produzidos em séries limitadas, alguns mais exclusivos, e há também aqueles que trazem pequenos pedaços de camisas ou patches usados em jogos. Estes interessam e muito aos colecionadores, especialmente quando assinados. Ray Allen, um dos maiores arremessadores da história da NBA, exibiu, em um post recente nas redes sociais, um card da Upper Deck em que estava ao lado do ex-companheiro de Milwaukee Bucks Michael Redd. O card trazia os logotipos de camisas usadas em um jogo e as assinaturas dos dois. Ou seja: Allen desembolsou uma modesta bolada para comprar um card assinado por um amigo e por ele mesmo.
LeBron James também entrou de cabeça nesse mercado. Mas LeBron é daqueles que “não sabe brincar” ostentando cards premiados. Em 2021, um card da Upper Deck de LeBron James calouro foi vendido por US$ 1,8 milhão (pouco mais de R$ 9 milhões). Rapidamente, o astro dos Los Angeles Lakers usou o Twitter para bagunçar o mercado e dizer que tem alguns exemplares deste mesmo cartão em casa. Isso mesmo: alguns.
E, só para finalizar, para quem se animou e quer começar a investir nesse universo, há muitas ofertas de cards de esportes autografados no “mercado secundário”. É preciso checar originalidade, certificação e condições dos cards, para não jogar dinheiro fora. No site e-Bay, entre centenas de anúncios, um card de futebol com autógrafos de Pelé, Messi, Cristiano Ronaldo e Wayne Rooney está à venda por US$ 40 mil (pouco mais de R$ 200 mil) neste link. É o card 1/1, ou seja, peça única.
Não é qualquer card. E nem para qualquer um.
Antes os autografados fossem os cards, e não as figurinhas da minha coleção.
Samy Vaisman é jornalista, sócio-diretor da MPC Rio Comunicação (@mpcriocom), cofundador da Memorabília do Esporte (@memorabiliadoesporte) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte