Em pleno 2022, após dois anos da pandemia de Covid-19, é notório o quanto a sociedade teve que mudar e se adaptar às novas condições. Com o futebol, isso não foi diferente. Só para recordarmos, passamos por um período inicial de completa paralisação e adiamento de competições e partidas pela Ásia, Oceania, África, Europa, América do Norte, Central e do Sul.
No Brasil, esse cenário se refletiu na completa interrupção de campeonatos estaduais e com a grande dúvida sobre os rumos do futebol brasileiro em 2020. A reação da modalidade partiu com ações como a retomada de estádios, por exemplo, no Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul ou Santa Catarina, que “abriram suas portas” sem a presença do público nas arquibancadas.
Em seguida, no mês de julho de 2020, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), após a parada do futebol, anunciou a retomada com um calendário revisado para garantir os contratos já negociados, a sobrevivência dos clubes e da modalidade. Tudo sob um grande aparato de medidas sanitárias, testes RT-PCR para arbitragem, jogadores e comissões técnicas, além dos protocolos de distanciamento, restrições em comemorações, ausência de trocas de camisas e até higienização das bolas durante as partidas.
No fim daquele ano, de positivo, mesmo sem público, foram as entregas dos campeonatos sem qualquer modificação em seus formatos ou números de jogos.
Na temporada 2021, o quadro se desenhava de maneira similar a 2020, com todos os protocolos sanitários estabelecidos em um calendário ainda apertado em função da interrupção do ano anterior. Assim, a novidade ficou por conta da vacina contra o coronavírus, que permitiu um novo fôlego às atividades econômicas dentro de um “novo normal”.
Graças à vacinação, os governos de nível estadual e municipal foram aos poucos reduzindo as restrições sanitárias, permitindo inclusive uma retomada gradativa do público nos estádios brasileiros, onde os torcedores tiveram que se adaptar, apresentando seu certificado de vacinação e, em alguns casos, testes RT-PCR ou antígeno para ingressarem.
Com isso, pudemos voltar a observar pessoas nos estádios se divertindo, vibrando com o futebol, mas com grande desrespeito às normas sanitárias, evitando o uso de máscaras e o distanciamento social. Afinal, como vibrar pelo esporte sem abraçar o seu amigo do lado? Ou como controlar aquele grito de gol usando a máscara?
O saldo final de 2021 foram competições com e sem público ao mesmo tempo (Série A, Série B e Copa do Brasil) e até competições contando com a presença de público por todo o calendário, como a Copa Verde.
O que esperar para 2022? A ameaça da pandemia permanece, mesmo com a vacina e até a terceira dose. Réveillon e Carnaval foram cancelados diante do aumento no número de casos no Brasil. Para complicar, existe a variante Delta, a onda da nova cepa Ômicron e até o H3N2, que é uma variante do vírus influenza, causador de sintomas similares aos da gripe e resfriados.
Neste cenário, é impossível esperar certezas, porém podemos estar próximos de um certo recuo sobre a presença de público nos estádios e entretenimento em geral. Talvez uma redução nas quantidades ou até mesmo chegarmos ao cancelamento temporário da presença do público em função do risco biológico.
Esta resposta saberemos no futuro.
Romulo Macedo é sócio-fundador da Fan Experience 360 e escreve mensalmente na Máquina do Esporte
Coautores
Rômulo Meira Reis: Doutor em Ciências do Exercício e do Esporte pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Mestre em Ciências do Exercício e do Esporte, Especialista em Administração e Marketing Esportivo pela Universidade Gama Filho. Graduado em Capoeira, Educação Física e Administração de Empresas. Gestor Esportivo no Departamento de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), atuando na Coordenação de Estádios e Segurança. Analista do Licenciamento de Clubes – Infraestrutura da CBF. Oficial de Integridade da CBF. Professor no Curso Superior Tecnólogo em Gestão Desportiva e do Lazer das Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA). Líder do Grupo de Pesquisa em Gestão, Esporte, Cultura e Lazer (GPGEL) e integrante do Grupo de Pesquisa em Escola, Esporte e Cultura (GPEEsC), ambos cadastrados junto ao CNPq.
Mario Coelho Teixeira: Doutor em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa e docente na Universidade de Évora em Portugal.