Escrevo esse texto antes da final entre Argentina e França. Ainda não sabemos qual será a audiência final dessa partida, mas como acontece em toda Copa do Mundo podemos esperar quebras de recordes. Seja na TV aberta, fechada ou streaming.
E faço essa abertura porque um dos países que mais se destacaram nessa Copa, em termos de audiência, foram os Estados Unidos. Conforme, aliás, falamos na minha coluna no início deste mês. E diversas pesquisas mostram como o americano tem se sentindo cada dia mais atraído pelo esporte mais adorado do mundo.
O futebol, ou soccer para os americanos, já é o esporte mais praticado nos colégios. A popularidade do esporte cresce não apenas entre latinos, mas principalmente entre as novas gerações de americanos (Z e Millenials). Uma das explicações apontadas é que essas novas gerações veem no futebol uma forma de socializar mais com o mundo. De certa forma, os americanos estão vendo que o mundo é muito maior que seus 50 estados.
Conforme uma análise feita pela Morning Consult, podemos notar alguns aspectos interessantes. Quatro em cada cinco fãs de futebol autodeclarados pretendem assistir ao menos um pouco da Copa do Mundo. No geral, um a cada quatro pretende assistir muito ou pelo menos um pouco. Além disso, as gerações Z e Millenials se destacam, quando vemos que apenas pouco mais de um terço diz que não pretende assistir à Copa.
Em outra pesquisa, esta realizada pela Armatore, também com norte-americanos, foi detectado que 56% dos respondentes pretendem assistir à Copa para “fazer parte da emoção e da popularidade do evento”. E um terço destes respondentes pretendem fazer compras relacionadas com alguma das marcas que patrocinam a Copa, sendo que as marcas que patrocinam a Copa são, para 36%, vistas de forma mais favorável.
Mas é interessante analisar o crescimento do esporte pré-realização da Copa nas terras da América do Norte. Segundo dados da Fifa, 100 milhões de torcedores americanos assistiram ao menos 20 minutos de uma partida na Copa em 2014. Já em 2022, somente o jogo entre EUA e Inglaterra foi assistido por 20 milhões de pessoas.
Não à toa, um em cada três americanos diz se considerar torcedor de futebol, ou seja, ter um time para torcer. Esse grupo de torcedores é mais jovem e mais diversificado que a média dos torcedores em geral.
Por outro lado, pensando nas marcas, a Copa do Mundo nos EUA (sei que ainda tem o Canadá e o México, mas os americanos terão 11 das 16 cidades-sedes) é extremamente atrativa para os patrocinadores. Se analisarmos os dados de antes da pandemia disponibilizados pelo IEG, vemos que a América do Norte fica com quase 40% do total de investimentos em patrocínio esportivo. Seguida pela Europa, com 30%, e Ásia, com 25%.
Por fim, podemos esperar uma revolução na forma como consumiremos o produto esportivo. O crescimento do streaming, atrelado ao forte mercado de mídia americano, tem tudo para tornar a Copa do Mundo de 2026 disruptiva no que tange ao consumo do esporte nas plataformas.
Como eu disse na última coluna: estamos apenas começando. Mas é bom já irmos nos preparando. Quatro anos passam rápido demais. E nesse caso, aliás, nem serão quatro, mas sim três e meio.
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Fernando Fleury é CEO da Armatore Market+Science, PhD em Comportamento do Consumo e trabalha com inovação e tecnologia para criar novos modelos de negócios para a indústria com a construção de soluções avançadas e modelos preditivos usando inteligência artificial, aprendizado de máquina e ciência de dados para entender o ciclo de vida dos produtos, criar novos produtos, identificar e rastrear clusters a fim de aumentar a receita, o público, o envolvimento dos fãs e muito mais. Ele escreve mensalmente na Máquina do Esporte.