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Seis pontos de atenção da Copa do Mundo de Clubes

Se a Copa do Mundo 2026 quiser alcançar seu potencial máximo nos Estados Unidos a experiência do torcedor precisa estar no centro das atenções

Jogadores do Chelsea comemoram o título da Copa do Mundo de Clubes - Reprodução / Instagram @fifaclubworldcup

Jogadores do Chelsea comemoram o título da Copa do Mundo de Clubes - Reprodução / Instagram @fifaclubworldcup

Neste mês estive em Nova York acompanhando a Copa do Mundo de Clubes da Fifa. Tive a oportunidade de assistir in loco às duas semifinais — Fluminense x Chelsea e Real Madrid x PSG — e também à grande final, PSG x Chelsea. Infelizmente, fui pé-frio em todos os resultados.

O Fluminense, comandado por Renato Gaúcho, um dos influenciadores da Betnacional, principal cliente da minha agência (Lean.Agency), não resistiu ao forte time do Chelsea e acabou eliminado. Ainda assim, foi, sem dúvida, o clube brasileiro que mais ganhou com o torneio, tanto financeiramente quanto em reputação e valorização de ativos. Conseguimos transformar a marra do Renato em engajamento e mídia espontânea para a marca.

Já o Real Madrid, clube do nosso embaixador Vini Jr., foi a grande decepção do campeonato. Na minha opinião, foi quem mais saiu prejudicado — dentro e fora de campo. Por outro lado, o Chelsea surpreendeu e conquistou o título com autoridade, algo que sinceramente eu não esperava.

Dito isso, gostaria de compartilhar 6 pontos de atenção para a Copa do Mundo de 2026, com base na experiência vivida neste evento gigantesco.

#1 – A cidade não “respirava” o campeonato como deveria

Eu esperava que Nova York estivesse mais tomada pela atmosfera do evento. Faltou mídia OOH e DOOH mais agressiva, mais presença visual nas ruas, fan fest zones mais bem estruturadas, entre outros elementos que criassem o clima de Copa que tanto conhecemos.

Minha sensação é que os Estados Unidos querem — e talvez até tenham estudos que comprovem isso — empurrar o futebol como o 4º esporte nacional, atrás do beisebol, basquete e futebol americano. Ainda há o hóquei e o boxe, que também têm apelo local. Mas será que o torcedor norte-americano tem espaço (financeiro e emocional) para consumir tantos esportes ao mesmo tempo? De toda forma, sabemos que o futebol movimenta cifras bilionárias — e eles, mais do que ninguém, sabem explorar o capitalismo esportivo como poucos.

#2 – Transporte público impecável. Uber? Esquece.

O sistema de trens funcionou perfeitamente. Já as tentativas de usar Uber ou outros apps de transporte foram um desastre. Engarrafamentos pesados e muita lentidão nas imediações dos estádios. O metrô foi, disparado, a melhor escolha.

#3 – O calor atrapalhou (e muito)

A temperatura estava simplesmente desumana, o que prejudicou consideravelmente a experiência do público. Era quase impossível aproveitar a área externa da Fan Fest, onde estavam as ativações das marcas. Assistir aos jogos nas arquibancadas também virou um desafio — o calor sufocava, literalmente.

#4 – Nada de bebidas alcoólicas após os 15 minutos do segundo tempo

Sinceramente, não entendi essa regra. A venda de bebidas alcoólicas era permitida até os 15 minutos do segundo tempo — depois disso, fim de festa, com o jogo ainda rolando. Foi frustrante. Não tirem o nosso cooling break!

#5 – Falta de padrão na venda de bebidas

Outro ponto negativo foi o despreparo das equipes nos bares para vender bebida alcoólica. Em alguns pontos de vendas, exigiam passaporte físico para compra de bebida alcoólica, em outros, não pediam nada. Essa inconsistência cansava e irritava. Padrão é essencial num evento dessa magnitude.

#6 – O show à la EUA no pré-jogo funcionou

Apesar de não ser uma tradição brasileira, o estilo norte-americano de animar o público antes do jogo me agradou bastante. Um apresentador carismático comandava tudo, empolgando torcidas rivais com muita energia. Dance Cam, Kiss Cam, fogos, cores e trilha sonora bem coordenada tornaram a experiência divertida e envolvente. Um espetáculo à parte.

Dessa maneira, a Copa do Mundo de Clubes deixou aprendizados importantes — tanto para a organização quanto para o mercado e para quem quer ativar marcas nesses grandes palcos. Se a Copa do Mundo de seleções quiser alcançar seu potencial máximo nos Estados Unidos em 2026, a experiência do torcedor precisa ser pensada com mais calor humano (e menos calor climático), mais emoção urbana e menos burocracia de consumo. Porque o futebol, por lá, ainda não é paixão — mas pode ser um excelente negócio

Newton Neto é sócio-fundador da Lean Agency, publicitário, pós-graduado em marketing e com especializações em marketing digital, planejamento estratégico, branding e criatividade