Quando fui convidado para ser colunista da Máquina do Esporte, tive uma misto de sentimentos que me acompanham até hoje. Orgulho, alegria, enorme satisfação de poder estar, ao menos nesse quesito, na mesma prateleira de profissionais que admiro, acompanho e leio.
Ao mesmo tempo, sabendo que sei contar boas histórias em narrativas que construo pensando realmente que sejam interessantes, também sei que nem de longe sou o melhor escritor, redator ou colunista, tampouco consigo concatenar as ideias com as melhores técnicas aplicadas ao texto.
Mas nada se compara com o desafio de escrever uma coluna no Dia Internacional da Mulher. Para me ajudar nesse privilégio e enorme desafio, usei meu LinkedIn para compor histórias de pessoas que fazem parte da minha vida profissional e/ou pessoal, correlacionando com atletas que fizeram história ao longo dos anos.
Contei histórias simples, algumas mais íntimas e outras apenas como gesto de respeito, gratidão e reverência para o que posso chamar de “mulheres que acontecem e fazem acontecer”. Algumas delas estão no LinkedIn, outras apenas como parte da minha vida.
Falei da minha mãe, da minha esposa, das minhas filhas, da minha sogra, das minhas avós e de líderes mulheres com quem tive o prazer de aprender e conviver ao longo da minha carreira.
Sem grandes números ou pesquisas mais profundas, deparei com um seleto time de mulheres que marcaram a minha história e a do esporte mundial, cada uma em sua modalidade ou especialidade de carreira.
Na maioria dos lares brasileiros, existe um trio de arbitragem importante e que determina as regras da “peleja” da vida com muito amor, dedicação, rigor e compromisso com a educação dos craques do futuro, sejam da bola ou da vida. Falei da minha mãe e minhas avós, e trouxe as guerreiras da arbitragem brasileira Edina Alves Batista, Neuza Back e Tatiane Sacilotti.
Trouxe um pouco da história de quando me tornei pai de menina e as lições que o esporte, em especial o vôlei, proporcionaram no amadurecimento da minha filha, e abri uma exceção para falar da importância de José Roberto Guimarães e suas incríveis mulheres do vôlei brasileiro, não só na conquista de medalhas olímpicas, mas no cuidado com a formação de atletas e cidadãs.
Quando citei as histórias com a minha esposa, que praticou muay thai, relembrei que as primeiras medalhas olímpicas femininas do Brasil foram conquistadas em Atlanta 1996. No entanto, as quatro medalhas foram em esportes coletivos (vôlei de praia, vôlei de quadra e basquete). Em modalidades individuais, a espera foi de mais 12 anos. Apenas em Pequim 2008 que a judoca Ketleyn Quadros se tornou a primeira mulher brasileira a ser medalhista olímpica em um esporte individual.
No mesmo texto, em alusão à minha sogra, o nome de Kathrine Switzer, para dar um exemplo, está inscrito com letras de ouro na história do esporte, precisamente por um motivo: em 1967, lutou contra tudo e todos para driblar a proibição que impedia as mulheres de competirem em uma maratona.
Tive o privilégio de conhecer ao longo da minha carreira mulheres brilhantes e que me ensinaram muitas coisas que aplico no mercado esportivo. Seguramente, eu não teria a oportunidade de escrever esse artigo, se não fossem elas. Quando penso em quem se tornou uma das maiores referências no mercado em que atua, conto a história de Andrea Carpes, diretora executiva do Banco Itaú, e, ao mesmo tempo, ficou impossível não a associar com a da campeã mundial, medalhista olímpica e ouro em jogos Pan-Americanos Magic Paula, que antes de se encontrar no basquete, praticou diversas modalidades (natação, tênis de mesa, xadrez e atletismo), até encontrar sua verdadeira veia esportiva.
Do mesmo modo, a minha primeira líder, Idely Stancato, que foi CEO da Teleperformance do Brasil, pra mim é como se fosse Serena Williams, que ganhou fama muito cedo com sua irmã Venus e permaneceu na elite do tênis durante mais de duas décadas. Foram quatro ouros olímpicos e um total de 39 títulos de Grand Slam, 23 deles em simples (um recorde da Era Aberta para mulheres e homens), 14 em duplas de mulheres (com sua irmã Vênus) e ainda dois em duplas mistas. Idely, assim como Serena, que é basicamente uma jogadora de base ofensiva, tenta tomar conta do jogo desde o começo, utilizando para isso seu poderoso saque combinado com seu também poderoso contra-ataque.
Buscar a perfeição passa por muita preparação e pude contar um pouco dos talentos de Jaqueline Machado, diretora executiva do BTG Pactual, que me fizeram buscar o nome de Nadia Comaneci, pois sempre permanecerá unido à palavra perfeição. Com 14 anos e meio, nos Jogos Olímpicos de 1976, em Montreal, ela teve uma pontuação 10, o primeiro da história, em seu exercício de barras assimétricas. Talento, equilíbrio, plasticidade, concentração, força e muito treinamento fizeram da ginasta romena uma lenda. Durante a carreira, ganhou nove medalhas olímpicas e se retirou das competições em 1981, com apenas 20 anos.
Por fim e não menos importante, jamais poderia deixar o futebol de fora desse artigo. Não pensei duas vezes em encontrar uma palavra e uma atleta brasileira que simbolizassem com perfeição quem é Adriana Gouveia, diretora executiva do C6 Bank. A palavra é craque, e a atleta é Marta.
Tanto Adriana quanto Marta possuem o talento que só pode ser lapidado com a superação de obstáculos que a vida não cansa de proporcionar desde muito cedo. Elas também tomaram uma decisão similar, cada uma no seu universo, de jamais serem coadjuvantes, mas sim protagonistas em tudo que se propuseram a fazer. Marta já foi escolhida como a melhor futebolista do mundo por seis vezes, sendo cinco de forma consecutiva.
Esse artigo é uma homenagem às mulheres que acontecem e fazem acontecer no esporte e na vida, como uma celebração ao Dia Internacional da Mulher.
Reginaldo Diniz é cofundador e CEO do Grupo End to End e escreve mensalmente na Máquina do Esporte