Há pouco mais de um mês, o Twitter colocou em prática o que havia anunciado após a compra da plataforma por Elon Musk: a transformação da verificação de perfis em negócio direto. Ou seja, o selo passou a ser exibido em contas que pagam pelo mesmo e não por aquelas que antes foram contempladas por serem pessoas (físicas ou jurídicas) públicas. O fato gerou um enorme impacto, e a movimentação na rede social ainda mostra muita indecisão sobre como agir.
Neste primeiro momento, o impacto foi extremamente negativo entre muitos dos principais influenciadores do Twitter. O fato da verificação deixar de ser um agente facilitador para seguidores enxergarem facilmente a autenticidade das contas e se transformar em algo ao alcance de qualquer um que pode pagar foi a principal crítica apontada. E com enorme razão. Em um ambiente digital em que muita informação falsa é veiculada, o selo era a melhor tentativa de responsabilizar quem é, de fato, influente na plataforma.
Poucos dias após a nova regra entrar em prática, o Twitter fez uma espécie de revisão, e contas com mais de 1 milhão de seguidores voltaram automaticamente a apresentar a verificação sem precisar pagar por isso. A medida não surtiu grande efeito sobre a opinião dos críticos, e protestos continuaram acontecendo na plataforma. Em um deles, por exemplo, Felipe Neto mudou o seu nome no perfil para perder novamente o selo.
No mundo do esporte, ainda há, aparentemente, muita indecisão e insegurança, pelas críticas geradas, para uma tomada de decisão sobre a questão. Alguns players globais, como Fifa, Uefa e NBA, possuem perfis verificados e não verificados. Ou seja, certamente estão esperando o cenário se estabilizar para tomar uma decisão e padronizar todas as suas contas no Twitter.
Apesar de ainda ser alvo de críticas e ter perdido muito em credibilidade, o selo oferece uma série de benefícios aos compradores, tais como: atendimento privilegiado na plataforma, publicação de vídeos de formato longo, edição de tuítes publicados, impulsionamento de publicações e posts com um número maior de caracteres. Vale ressaltar que parte destes privilégios faziam parte da política anterior de verificação. Ou seja, as pessoas públicas não precisavam pagar por isso.
Recentemente, a plataforma anunciou que Elon Musk deixará a direção. Ainda não se sabe se a mudança de comando fará o Twitter revisar a decisão e readotar a política anterior de verificação. Desta maneira, provavelmente os grandes, médios e pequenos players da indústria do esporte ficarão mais um pouco em estado de espera. E com bastante razão, já que, em um momento de muitas críticas, é melhor abrir mão temporariamente dos benefícios e esperar a poeira baixar para, então, tomar a melhor decisão.
André Stepan é jornalista, pós-graduado em marketing esportivo, especialista em comunicação e conteúdo digital, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte