A boa participação do Fluminense e de outros times do Brasil na Copa do Mundo de Clubes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) serviu para derrubar alguns mitos e a fortalecer outros tantos.
Antes da competição, perdurava por aqui a visão de que os clubes brasileiros seriam demasiadamente fracos e serviriam de “sacos de pancada” para as equipes estrangeiras, em especial as da Europa.
Outro mito que parece estar sendo quebrado é o de que os técnicos brasileiros não seriam tão capazes de vencer quanto os estrangeiros.
Treinado por Renato Gaúcho, o Fluminense não apenas se classificou às quartas de final, como conseguiu derrotar Al-Hilal, da Arábia Saudita, que havia eliminado o poderoso Manchester City.
Para que um mito caia, porém, é necessário que outro ocupe seu lugar. Nesta Copa do Mundo de Clubes, a boa fase do Fluminense de Renato ajudou a ressuscitar uma visão que parecia condenada ao ostracismo, em um país cada vez mais dominado pelos treinadores portugueses, com suas planilhas e esquemas táticos complexos.
O ponto de vista em questão se baseia na ideia de que, para um técnico ser vencedor no Brasil, bastaria ter muita resenha, “cuca fresca” e capacidade de improviso. Esses fatores, nas mãos de um bom conhecedor do futebol, seriam capazes de suplantar qualquer tática ou metodologia de trabalho.
Essa é a premissa do mais recente vídeo gravado por Renato Gaúcho para a Betnacional, casa de apostas da qual ele se tornou embaixador neste ano, depois que a Flutter Brasil optou por dar fim à MrJack.bet, plataforma que tinha contrato com o treinador.
Na crista da onda
No decorrer desta Copa do Mundo de Clubes, Renato Gaúcho tem estado da “crista da onda”, não apenas por conta dos resultados obtidos pelo Fluminense em campo, mas também pelo seu jeito de ser marcado por um misto de deboche, frases de efeito e autopromoção.
Durante a transmissão feita pelo canal argentino Telefe, da vitória do Fluminense por 2 a 0 sobre Internazionale, pelas oitavas de final da competição da Fifa, os comentaristas recordaram de uma entrevista concedida por Renato em 2008, em que ele se vangloriava por, supostamente, haver se relacionado com 5 mil mulheres.
Às vésperas desse jogo, o treinador do Fluminense foi descrito pelo jornal italiano Gazzetta dello Sport como “ex-playboy”.
Publicidade na mira do Congresso
A parceria de Renato Gaúcho com a Betnacional foi o primeiro anúncio de relevo envolvendo uma casa de apostas e uma celebridade do futebol, depois da aprovação pelo Senado do Projeto de Lei 2.985, de 2023, que restringe a publicidade do setor.
O texto ainda precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados e passar pela sanção presidencial para virar lei. A proposta aprovada pelo Senado buscar proibir técnicos de futebol da ativa de divulgarem plataformas de apostas.
O veto trazido pelo projeto também atingiria atletas, influenciadores, comunicadores e artistas. A exceção ficaria por conta de ex-jogadores profissionais, desde que estejam aposentados há pelo menos cinco anos.
Caso essa regra entre em vigor, Renato Gaúcho teria de escolher entre seguir treinando clubes de futebol ou ser embaixador de casas de apostas.