Estudo de entidades de apostas mostram o Brasil como 4º maior mercado do mundo na área

Flamengo e Fluminense, patrocinados por sites de apostas, enfrentam-se pela Copa Rio Feminina - Mailson Santana / Fluminense

A Associação Internacional de Integridade de Apostas (Ibia, na sigla em inglês), a H2 Gambling Capital e o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) divulgaram, nesta quarta-feira (6), um estudo que aponta o Brasil como o 4º maior mercado de apostas esportivas do mundo e avalia os riscos que as restrições podem trazer ao país.

O documento, que analisa e compara os mercados de Austrália, Brasil, Canadá, Dinamarca, Alemanha, Reino Unido, Itália, Holanda, Portugal, Espanha e Suécia, apontou que, nos últimos cinco anos, as apostas esportivas on-line cresceram mais de cinco vezes em relação à taxa das apostas feitas por operadoras físicas (22,7% contra 4,3%).

De acordo com o estudo, a partir dos dados de canalização de outras jurisdições já reguladas, restrições aos produtos de apostas esportivas no Brasil afetariam negativamente o tamanho do mercado e a canalização onshore, ou seja, para empresas regularizadas no país.

Restrições rigorosas poderiam fazer com que cerca de US$ 18 bilhões por ano fossem apostados em operadoras offshore (sem obedecer às leis nacionais), afetando negativamente a proteção ao jogador e a integridade esportiva, que são menores nestes casos, uma vez que não estão sujeitas às regras locais. 

Prejuízo

O estudo também aponta que um mercado de apostas esportivas altamente restritivo poderia custar ao governo brasileiro US$ 1 bilhão em perda de receita tributária entre 2025 e 2028.

“Já está comprovado pelas experiências internacionais que restrições e proibições aos diferentes mercados das apostas esportivas, como escanteios e cartões amarelos, por exemplo, são grandes desafios para a arrecadação”, disse André Gelfi, diretor-presidente do IBJR.

“Isso é algo que nos preocupa. Quando falamos sobre integridade do esporte, é preciso pensar para além da proibição de algumas categorias a fim de garantir a aplicabilidade de um entretenimento efetivo e seguro no Brasil”, acrescentou.

Expectativas

A expectativa atual diante do cenário brasileiro, segundo a Ibia, é de que um mercado liberal será estabelecido no país, com a possibilidade de uma alta taxa de canalização onshore e retornos fiscais de US$ 2,3 bilhões em ganhos brutos em 2025.

A H2 Gambling Capital calcula que essa abordagem poderia atingir US$ 34 bilhões em volume de negócios de apostas esportivas e US$ 2,8 bilhões em ganhos brutos onshore até 2028. 

Na opinião de Khalid Ali, CEO da Ibia, o estudo confirma que as restrições aos diferentes mercados de apostas são um instrumento contraproducente.

“Eles não impedem as apostas, apenas as conduzem aos mercados não regulamentados, nos quais surgem a maioria dos problemas com a integridade esportiva. As conclusões são claras: se você deseja proteger os consumidores e os esportes dos corruptos, ao mesmo tempo em que maximiza as receitas fiscais, é essencial permitir uma ampla gama de produtos de apostas esportivas”, enfatizou.

David Henwood, diretor da H2 Gambling Capital, afirmou que a solução para limitar a quantidade de apostas offshore é diminuir as restrições em jogos onshore.

“Os mercados mais bem-sucedidos na limitação do jogo offshore são aqueles que geralmente abriram seu fornecimento onshore para uma ampla escolha de produtos. Há muito que pode ser aprendido aqui em termos de regulamentação de melhores práticas”, finalizou.

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