Vendido ao mercado como uma retomada da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) no controle sobre a principal competição de clubes do país, o Brasileirão da entidade não saiu do papel. A competição originalmente estava marcada para começar no final de novembro, o que não ocorreu, com a participação de 10 a 12 clubes.
Organizada em conjunto com a Dream Factory, havia a promessa de pagamento de R$ 1,5 milhão em premiação como forma de estimular a participação de clubes que hoje estão filiados à Liga Nacional de Basquete (LNB) e participam do Novo Basquete Brasil (NBB).
Outro trunfo nas mãos da CBB era o fato de dar acesso aos clubes que atuassem em seu torneio para as competições internacionais do continente, casos da Basketball Champions League Americas (BCLA) e a Liga Sul-Americana. Em junho, deixando claro as divergências com a LNB, a CBB retirou a chancela oficial do NBB como classificatório para esses torneios.
Apesar dessa estratégia, quase ninguém se sentiu atraído a integrar o torneio promovido pela CBB. Na prática, apenas o Flamengo se pronunciou publicamente de que participaria da competição. Mas até o time rubro-negro necessitava de adversários para poder vingar o torneio. E, embora poucos times, como Botafogo e Mogi, tenham ouvido a proposta da Dream Factory, mais ninguém aderiu à iniciativa.
Entre os clubes, diversos motivos foram apontados para não disputar dois torneios nacionais. Para uns, seria muito oneroso no orçamento e dificultoso em conciliar datas. Outros veem o NBB como um produto consolidado e gerido pelos clubes, ativo importante de ser mantido.
O torneio começou em 2008/2009, após várias brigas entre os clubes e a confederação. Atualmente, conta com o patrocínio de Caixa Econômica Federal, Loterias Caixa, Sportsbet.io, Comitê Brasileiro de Clubes, Penalty, IMG Arena, EMS, Whirlpool, EY, UMP, Jamef e Genius Sports. Há transmissões na TV Cultura (TV aberta), Sportv e ESPN (TV fechada), YouTube e TikTok do NBB, além de emissoras locais e TVs de clubes, como a Fla TV.
Conciliação
Procurados, tanto a CBB como sua parceira na iniciativa não se pronunciaram oficialmente. Internamente, ambas atribuem à Fiba América, entidade que comanda o basquete no continente, o possível adiamento do torneio. Na Dream Factory, fala-se que a Fiba América não deu a chancela oficial para o Brasileirão da CBB, criando o curioso caso de que a representante oficial do basquete no país não tem autonomia para indicar seus representantes internacionais.
A Máquina do Esporte apurou, porém, que há realmente tratativas da Fiba América sobre o tema, mas não especificamente para chancelar uma entidade que já é chancelada em seu sistema internacional. Há, por parte da entidade, uma tentativa de conciliação entre CBB e NBB.
Para a Fiba América, não interessa ficar sem representantes do Brasil, um dos mais fortes do continente, em seus torneios internacionais. Sem os brasileiros, perde-se um dos mercados mais importantes da América, diminuindo a arrecadação com direitos de transmissão e patrocínios.
Além disso, o domínio nacional nessas competições, que não contam com times da NBA, é considerável. Das últimas 9 edições da Liga Sul-Americana, o Brasil foi campeão em 7. Já na BCLA, disputa criada na temporada 2019/2020, o Brasil ficou com o título em 3 das 4 edições já realizadas.
O imbróglio entre CBB e NBB impediu a inscrição de times brasileiros para a temporada 2023/2024 da Liga Sul-Americana, que já está em andamento. Já na BCLA houve a indicação de Sesi Franca, São Paulo e Flamengo, coincidentemente os três primeiros colocados da última edição do NBB.
Curiosamente, a CBB não se referiu em nenhum momento à liga independente ao noticiar os representantes brasileiros, preferindo destacar suas conquistas continentais e dando a entender que esse teria sido o critério de indicação para a próxima edição.