O Brasil caminha de fato para ter dois campeonatos nacionais de basquete masculino. Depois da polêmica com a decisão da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) de retirar a chancela do Novo Basquete Brasil (NBB), principal competição de clubes do país, a entidade moveu suas peças no tabuleiro, visando ter um torneio masculino de elite para chamar de seu.
Nesta quinta-feira (27), a CBB fechou um acordo com a Dream Factory, empresa de entretenimento do Grupo Dreamers, responsável pela realização de uma série de eventos nas mais variadas áreas, inclusive esportiva, dentre eles Maratona do Rio, Rally dos Sertões (que atualmente abarca rali, kitesurfe e mountain bike) e Dream Tour (surfe).
O anúncio da parceria foi feito nesta sexta-feira (28). Em entrevista concedida à Máquina do Esporte, Jued Andari, que comanda o segmento de esportes da Dream Factory, confirmou que as negociações da empresa com a CBB estão ocorrendo há mais de 60 dias.
De acordo com o executivo, a Dream Factory e a CBB apresentarão, em agosto, maiores detalhes sobre o Campeonato Brasileiro Masculino de Basquete da entidade, incluindo regulamento, clubes participantes, patrocinadores e modelo de transmissão.
“Estabelecemos um consórcio, com responsabilidades para ambas as partes. A CBB cuidará da parte técnica, regulamento, arbitragem. Já a Dream Factory ficará à frente do planejamento de marketing, do relacionamento com as marcas e de outros assuntos relacionados”, explicou Andari.
Quem ficará com quem?
Mesmo sem a chancela da CBB, a Liga Nacional de Basquete (LNB) segue com os preparativos para o NBB 16. A Máquina do Esporte apurou que todos os clubes que participaram da última edição da liga estão compromissados em permanecer na competição. A entidade, portanto, diz estar tranquila em relação a um eventual “assédio” que possa ser feito em relação aos seus times.
Atualmente, o NBB conta com equipes de basquete ligadas a alguns dos times de futebol (que é o esporte mais popular do Brasil) de maior torcida no país, como Flamengo, Corinthians e São Paulo.
Além disso, a competição da LNB possui representantes de localidades onde o basquete tem grande relevância, casos dos times de Franca e Bauru, em São Paulo, ou da equipe de Brasília (DF).
O grande desafio do campeonato da CBB seria atrair esses clubes, que hoje reúnem os principais atletas (e, portanto, são os mais competitivos do país) e apresentam maior capacidade de mobilizar o público.
Andari afirmou que a competição da CBB terá seus atrativos, entre eles o fato de ser chancelada pela entidade, que é filiada à Federação Internacional de Basquete (Fiba), tornando as equipes participantes elegíveis para representarem o Brasil em torneios oficiais internacionais.
“Vamos mostrar esses diferenciais para os clubes, e eles decidirão onde desejam estar”, disse Andari.
Segundo ele, várias equipes já têm procurado a CBB e a Dream Factory, demonstrando interesse no novo campeonato.
Relembre a polêmica
Essa disputa que mais lembra uma sopa de letrinhas, entre CBB e LNB, começou no ano passado e só se agravou desde então, a ponto de, nos bastidores, o fim da chancela oficial ao NBB ser encarado como uma questão de tempo.
O motivo da discórdia foi a indicação da Liga Sorocabana, vice-campeã do Campeonato Brasileiro Adulto 2022 (promovido pela CBB e equivalente, à época, à segunda divisão nacional), como um dos representantes do país na Liga Sul-Americana de Basquete.
Inicialmente, a vaga seria do São José, campeão do Brasileiro Adulto 2022 e recém-promovido para o NBB. Mas a equipe de São José dos Campos acabou desistindo de participar da competição continental por questões financeiras.
No entendimento da LNB, quem deveria ficar com a vaga era o Paulistano, sétimo colocado na temporada 2021/2022 do NBB. No entanto, a CBB optou por ignorar a LNB.
A indicação do time de Sorocaba, sem vínculo com o NBB e que disputa a segunda divisão nacional, contrariou o Termo de Cooperação assinado pelas duas entidades há 14 anos.
O desempenho da Liga Sorocabana no torneio continental foi sofrível, e a equipe acabou sendo eliminada ainda na primeira fase.
O fim da chancela da CBB, oficializado em 30 de junho deste ano, fez o NBB perder o status de competição nacional oficial. Com isso, seus clubes perderam o acesso a competições internacionais da Fiba, como a Champions League das Américas e o Mundial de Clubes.
A decisão afetou também a Liga de Desenvolvimento do Basquete, considerada categoria de base e que está sendo disputada nos últimos dias, contando com a participação de clubes do NBB.