O retorno de grandes nomes do esporte de combate, como Wanderlei Silva, Anderson Silva e Popó, reforça que nostalgia e história são motores poderosos para engajar o público. Lutas pontuais como essas resgatam rivalidades e histórias emblemáticas, atraindo novamente fãs antigos e trazendo novos.
Um dos exemplos mais comentados deste ano foi o duelo Wanderlei Silva x Popó, realizado em setembro, no Spaten Fight Night, em São Paulo (SP). Os atletas receberam cerca de R$ 1,2 milhão e R$ 1 milhão, respectivamente, por presença e exposição (leia mais), e o evento gerou ampla repercussão não só pela polêmica inicial, mas também pela saga de reconciliação, amplificada por campanhas publicitárias como a do Burger King, que reuniu os dois atletas em tom de humor e conciliação para promover sua oferta “King em Dobro”.
LEIA MAIS: Briga no Spaten Fight Night não fará marca de cerveja da Ambev deixar o universo das lutas
Em tempos de incerteza e mudanças aceleradas como as que estamos vivendo, consumidores buscam no passado uma “ilusão de controle” e conforto, ativando memórias que reduzem a ansiedade e aumentam a sensação de segurança emocional. No Brasil, 56,8% dos consumidores já compraram produtos motivados por lembranças nostálgicas. Esse percentual sobe para 80,3% quando consideramos itens relacionados à infância ou à adolescência, como brinquedos retrô, roupas vintage e alimentos relançados (leia mais). As lutas, mesmo não tendo esse tom de conforto (muito longe disso), trazem nomes conhecidos do público e de certa forma embarcam nesta tendência.
As marcas perceberam rapidamente o potencial desses retornos. A Spaten, por exemplo, estruturou seu patrocínio no universo das artes marciais com embaixadores como Anderson Silva, Minotauro, Kyra Gracie e Beatriz Ferreira, alinhando os valores de força e disciplina dos atletas à história e à emoção que permeiam cada combate. Para os patrocinadores, eventos pontuais como esses oferecem visibilidade concentrada, viralização rápida e associação com ícones consolidados. A escassez do evento aumenta o valor percebido, tornando cada luta um espetáculo único, capaz de gerar engajamento instantâneo e audiência global.
Embora a mídia tenha papel relevante, o destaque está no interesse dos grandes players, como a Netflix, que transmitiu o duelo Mike Tyson x Jake Paul para cerca de 60 milhões de residências e transmitirá a revanche entre Anderson Silva e Chris Weidman. O modelo tradicional de pay-per-view segue em queda, abrindo espaço para o streaming e experiências híbridas, enquanto as marcas aproveitam canais digitais e off-line para ativar produtos e serviços no momento certo.
LEIA MAIS: Tradicional, pay-per-view pode sumir de UFC e boxe após novos acordos de transmissão
O retorno de ídolos veteranos evidencia como nostalgia, história e esportes de combate se entrelaçam, transformando lutas em plataformas de engajamento emocional e oportunidades de negócios para marcas, que conseguem associar seus produtos a momentos únicos de memória e cultura compartilhada.
O conteúdo desta publicação foi retirado da newsletter semanal Engrenagem da Máquina, da Máquina do Esporte, feita para profissionais do mercado, marcas e agências. Para receber mais análises deste tipo, além de casos do mercado, indicações de eventos, empregos e mais, inscreva-se gratuitamente por meio deste link. A Engrenagem conta com uma nova edição todas as quintas-feiras, às 9h09.
