Conmebol “esquece” críticas sobre direitos humanos e divulga apoio à Copa do Mundo do Catar

 A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) divulgou, nesta segunda-feira (7), um comunicado de apoio à Copa do Mundo do Catar 2022. O apoio da entidade, que contou com a adesão de suas dez federações filiadas (incluindo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF)), ocorre depois de o Mundial da Fifa sofrer duras críticas em relação a questões relativas a direitos humanos e legislação repressiva à comunidade LGBTQIA+ no país-sede.

O comunicado acontece logo após a Fifa ter mandado uma carta a todas as seleções que disputarão a competição pedindo foco na Copa do Mundo e que afastem o futebol de “todas as batalhas ideológicas ou políticas que existem”.

A Conmebol foi a primeira confederação continental a apoiar a Fifa. Segundo a entidade, o Catar é “um país ansioso por mostrar sua hospitalidade e cordialidade, magníficos cenários esportivos e 32 equipes preparadas com seu maior potencial, que garantem um torneio que sem dúvida entrará para a história”.

Para a Conmebol, que não se pronunciou sobre a situação dos direitos humanos no Catar, o futebol “vai muito além de disputas políticas ou ideológicas, desacordos temporários e confrontos ocasionais. É uma mensagem cheia de otimismo, tolerância, inclusão, diversidade, união”.

Críticas ao Catar

A realização da Copa do Mundo no Catar gerou uma série de críticas, seja de ONGs de direitos humanos, seja de seleções ou jogadores. Entidades como a Human Rights Watch e a Anistia Internacional lançaram uma proposta de que a Fifa destinasse um fundo de US$ 440 milhões para indenizar trabalhadores migrantes e suas famílias que tiveram direitos trabalhistas desrespeitados durante a construção dos estádios e obras de infraestrutura no Catar.

Segundo uma reportagem do jornal The Guardian, cerca de 6.500 trabalhadores morreram nas obras no país, número que é refutado pelo Comitê Supremo para Entrega e Legado, nome dado ao Comitê Organizador da Copa.

A iniciativa já ganhou o apoio de federações importantes de diversos continentes, como Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e Austrália.

A Dinamarca, adversária da Austrália no Grupo D da Copa, também fez um protesto contra os abusos dos direitos humanos e jogará a competição com uma camisa com escudo e logotipo da Hummel, fornecedora de material esportivo, quase imperceptíveis.

Oito seleções europeias anunciaram que usarão a braçadeira de capitão nas cores do arco-íris, símbolo do movimento LGBTQIA+. Fazem parte da iniciativa Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, País de Gales, Bélgica, Suíça e Dinamarca. Suécia e Noruega, que não estão na Copa, divulgaram apoio à ideia.

Apoio sul-americano

Para a Conmebol, porém, essas questões devem ficar fora do âmbito da disputa da Copa do Mundo.  Segundo a entidade, a Copa do Mundo do Catar “é a melhor oportunidade para consolidar os valores sobre os quais o futebol se baseia. Por sua abrangência, seu prestígio e tradição, a Copa do Mundo multiplica o impacto positivo desses valores. Isso é especialmente verdade nas novas gerações, em meninas, meninos e jovens, que esperam e buscam que o futebol não seja manchado ou distorcido com visões tendenciosas ou parciais”.

Para a confederação, os valores que devem ser exaltados na competição são o esforço como caminho para o autoaperfeiçoamento; a articulação do talento individual e do trabalho em equipe; respeito pelo rival; a competição com lealdade”.

A entidade pede que esses valores sejam os protagonistas da Copa. A Conmebol também afirmou que “chegou a hora de deixar controvérsias e polêmicas para trás e valorizar e curtir uma verdadeira festa ecumênica, aguardada ansiosamente por todo o planeta. Que comece a rolar a bola para levar alegria e emoções a todos”.

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