Federação dos EUA engrossa apoio a fundo para indenizar trabalhadores no Catar

A Federação de Futebol dos Estados Unidos (USSF, na sigla em inglês) engrossou o apoio à criação de um fundo para indenizar os trabalhadores migrantes que tiveram direitos trabalhistas desrespeitados durante as obras de construção de estádios e infraestrutura para a Copa do Mundo do Catar 2022.

ONGs de direitos humanos, encabeçadas por Anistia Internacional e Human Rights Watch, fizeram a proposta que a Fifa destinasse uma verba de US$ 440 milhões para compensar esses operários e suas famílias. A quantia é equivalente ao que a entidade que comanda o futebol mundial desembolsará em premiação na Copa do Mundo.

Direitos trabalhistas

Muitos trabalhadores no Catar foram contratados pelo sistema de kafala, muito comum no Oriente Médio. Por esse sistema, o trabalhador migrante tem sua viagem “patrocinada” por uma empresa, que detém seu visto e muitas vezes seu passaporte. ONGs de direitos humanos afirmam que esse sistema impõe condições análogas à escravidão.

O sistema de kafala foi proibido no Catar, mas muitos trabalhadores atuaram assim durante o período de construção dos estádios da Copa. Segundo uma reportagem do diário britânico The Guardian, 6.500 trabalhadores teriam morrido devido às más condições de trabalho. O Comitê Supremo para Entrega e Legado, que organiza a Copa do Mundo, refuta esses números.

Apoio internacional

Com a decisão, a Federação dos Estados Unidos se une a outras entidades nacionais filiadas à Fifa que já divulgaram apoio à ideia, como as de Alemanha, França, Inglaterra e País de Gales. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não se pronunciou sobre o assunto até o momento.

Alasdair Bell, vice-secretário geral da Fifa, chegou a admitir, na semana passada, que “qualquer pessoa que sofreu lesão como consequência de trabalhar na Copa do Mundo, de alguma forma, seja compensada”. Foi a primeira vez que um dirigente da federação que comanda o futebol mundial admitiu a possibilidade de que o fundo indenizatório seja colocado em prática.

Em 2019, dirigentes da USSF acionaram a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Anistia Internacional, o Centro de Esporte e Direitos Humanos e o Comitê Supremo de Entrega e Legado para entender como estava a questão dos direitos humanos e a legislação trabalhista no Catar.

A USSF, então, tomou a providência de que todos os fornecedores e subcontratados com os quais trabalhará no Catar cumpram as reformas trabalhistas que o país-sede da Copa divulgou ter implementado.

A federação norte-americana também divulgou que fará programas educativos para conscientizar seus jogadores sobre a questão dos direitos humanos no Catar.

Futura sede

A decisão dos Estados Unidos de apoiar a causa dá ainda mais peso à iniciativa de criação do fundo compensatório. A USSF é uma das maiores federações filiadas à Fifa. Além disso, os Estados Unidos serão uma das sedes da Copa do Mundo de 2026 ao lado de Canadá e México. Daqui quatro anos, o torneio aumentará o número de seleções das 32 atuais para 48 países.

Canadá e México, que também se classificaram para a Copa do Catar, não se pronunciaram sobre o assunto até o momento.

Na última segunda-feira (17), Gianni Infantino, presidente da Fifa, que mora em Doha, disse que o Catar daria as boas-vindas ao mundo inteiro para a “melhor Copa do Mundo”. No entanto, as controvérsias em torno da competição continuam.

“Queremos garantir que a aplicação da lei esteja acontecendo”, ponderou Tim Davies, embaixador dos Estados Unidos.

Sair da versão mobile