A Fifa gerou cerca de US$ 1,74 bilhão em receitas de patrocínios durante o último ciclo de vendas de quatro anos, culminando com a atual Copa do Mundo do Catar. O resultado significa um aumento de mais de 4,6% em relação aos quatro anos anteriores, quando obteve US$ 1,66 bilhão com a venda de direitos de patrocínio no ciclo encerrado com a Copa do Mundo da Rússia 2018. Os dados fazem parte de um estudo feito pelo site britânico Sport Business.
Grande parte desse aumento foi impulsionado pelos patrocinadores da atual Copa do Mundo, na qual houve um aumento de arrecadação de US$ 363 milhões (Rússia 2018) para cerca de US$ 545 milhões (Catar 2022).
Na categoria parceiros da Fifa, que concede direitos de exposição para competições masculinas, femininas e de e-Sports da federação, houve pouca movimentação. A Qatar Airways ingressou nesse nível ainda no ciclo anterior, em 2017. No atual quadriênio, as receitas vindas desse grupo de apoiadores chegaram a US$ 1,05 bilhão.
Apoiadores regionais
Foi na categoria de apoiadores regionais que a Fifa conseguiu um bom aumento de investidores. Nesse grupo, houve geração de US$ 125 milhões em receitas.
Apesar disso, houve um revés com a empresa de blockchain Algorand, que havia assinado um contrato de apoiador regional para Europa e Estados Unidos para esta Copa do Mundo com a Fifa, mas que decidiu abrir mão desse direito. A empresa justificou a decisão dizendo que preferia focar no “desenvolvimento técnico” de sua parceria com a Fifa.
Em setembro, a Algorand lançou tokens não fungíveis (NFTs) em pacotes que, depois de abertos, mostram vídeos de momentos marcantes da história da Copa do Mundo. Cada vídeo é selecionado de maneira aleatória e pode ser mais ou menos raro. A ideia é que esses pacotes funcionem como as figurinhas do álbum da Copa.
Direitos humanos
Outro problema enfrentado pela Fifa na comercialização de patrocínios à Copa do Mundo do Catar foi o histórico de desrespeito aos direitos humanos do país-sede do evento. Muitas marcas mudaram sua abordagem ao ativar o patrocínio ao Mundial, mantendo a associação ao torneio, mas eliminando qualquer referência ao Catar.
Esse problema só faz com que aumente a expectativa com o próximo ciclo, quando Estados Unidos, maior mercado esportivo do mundo, Canadá e México organizarão de maneira conjunta a Copa do Mundo de 2026.
Por outro lado, é esperado que haja menos investimento de empresas catarianas e chinesas na próxima Copa do Mundo. No ciclo atual, os dois países investiram US$ 718 milhões ou 41,26% dos ganhos da entidade.
Desse grupo de patrocinadores, o chinês Grupo Wanda é o único garantido até o momento para o próximo ciclo. Isso representa um aporte de mais US$ 180 milhões. O atual contrato só expira em 2030.
Apostas
Uma área que experimenta expansão é a de apostas esportivas. Nos Estados Unidos, o mercado vem aumentando desde que a Suprema Corte derrubou restrições federais aos jogos de azar, em maio de 2018.
No atual ciclo, a Fifa fechou com a grega Betano, que também investe no futebol brasileiro, um contrato de apoiadora regional para a Europa. Foi o primeiro contrato de patrocínio entre a federação que comanda o futebol e uma marca de apostas esportivas.
Projeções
Em seu Congresso de 2020, a Fifa projetou US$ 6,44 bilhões em receitas para o ciclo que vai de 2019 a 2022. Nessa projeção, estão receitas com direitos de transmissão de US$ 3,3 bilhões.
A meta é arrecadar mais US$ 1,77 bilhão com patrocínios. Em seguida, vêm direitos de licenciamento (US$ 603 milhões) e direitos de hospitalidade e venda de ingressos (US$ 508 milhões). Recentemente, porém, a Fifa lançou uma projeção mais otimista, com meta de arrecadação de US$ 7,5 bilhões.
Como as receitas com patrocínio não devem superar os US$ 1,74 bilhão atual, a Fifa teria que aumentar o faturamento para US$ 5,76 bilhões nos outros três fluxos de receita restantes (direitos de TV, licenciamentos, e hospitalidade e venda de ingressos).
No ciclo de 2015 a 2018, a entidade obteve US$ 712 milhões com hospitalidade e ingressos, US$ 600 milhões com licenciamentos diversos e US$ 322 milhões vindos de outras receitas, que incluíam ganhos gerados pela Copa do Mundo de Clubes e a venda de direitos de imagens para filmes e séries documentais.
No início do ano, segundo um balanço da Fifa, a entidade obteve US$ 320 milhões com outras receitas apenas em 2021. O montante englobou US$ 60 milhões liberados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos como indenização por corrupção praticada por ex-dirigentes da entidade.
Mais US$ 260 milhões vieram de fontes como a Copa do Mundo de Clubes, disputada no Catar, no início do ano, quando o Palmeiras acabou derrotado pelo Chelsea na final. Esse montante também incluiu multas de rescisões contratuais, ganhos com vendas de propriedades, receitas do Museu da Fifa, em Zurique (Suíça), e receita obtida com a venda de imagens de arquivos e direitos de vídeos.
O licenciamento gerou mais US$ 180 milhões aos cofres da Fifa graças a um programa expandido de licenciamento de mercadorias para a Copa do Mundo do Catar e à expansão das vendas on-line.