Marrocos x Portugal: Duelo com as menores cifras das quartas de final da Copa do Catar

Embora atualmente estejam longe de figurar como protagonistas na geopolítica global, Portugal e Marrocos já travaram uma disputa política e militar que definiu os rumos da história mundial. Foi a partir do país africano que, durante a Idade Média, os árabes muçulmanos conquistaram a Península Ibérica. Da resistência a essa ocupação, o pequeno Condado Portucalense (daí vem o nome dos nossos colonizadores) se converteu em nação e passou a empreender jornadas marítimas e dominar territórios por todo o planeta.

Uma das primeiras conquistas de Portugal foi justamente a cidade de Ceuta, no litoral mediterrâneo do Marrocos, em 1415. Hoje, a área pertence à Espanha, cuja seleção foi eliminada pelos “Leões do Atlas” nas oitavas de final da Copa do Mundo 2022. Portugueses e marroquinos farão a terceira partida das quartas de final, neste sábado (10), às 12h (horário de Brasília), em um confronto que reúne as menores cifras financeiras desta fase do Mundial.

Pelo lado futebolístico, ambas as equipes têm seus entusiastas. Do lado marroquino, muitas pessoas simpatizam quase que automaticamente com a primeira seleção africana a chegar às quartas de final da Copa do Mundo desde 2010, quando Gana foi eliminada pelo Uruguai. Já do lado português, sempre chamará a atenção da torcida, ao redor do mundo, um time que conta com Cristiano Ronaldo como a principal estrela, ainda que ele tenha sido colocado para esquentar o banco de reservas do time.

Na prática, porém, é bom lembrar que se tratam de duas seleções que ainda buscam se firmar nos Mundiais. No caso de Portugal, que tem um pouco mais de bagagem, a melhor campanha continua a ser o terceiro lugar em 1966, quando o time liderado pelos moçambicanos Eusébio e Mário Coluna conseguiu despachar o Brasil de Pelé da competição.

Nike x Puma

O duelo entre Portugal e Marrocos colocará, frente a frente, duas gigantes fornecedoras de materiais esportivos. De um lado, está a Nike, que paga o equivalente a cerca de € 7,5 milhões ao ano à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) (enquanto isso, a seleção da França, atual campeã mundial, recebe € 40 milhões anuais da mesma empresa). O último contrato com os portugueses foi assinado em 2018 e será válido até 2024. Entre os times que ainda têm chance de vencer esta Copa, além de Portugal e França, a marca também tem contratos com Croácia e Inglaterra.

Do outro lado, está a Puma, com sua única representante ainda viva no torneio, a seleção de Marrocos, em um acordo cujo valor não é divulgado. A bem da verdade, o país do norte da África, da região conhecida como Magrebe, é uma das seleções que menos divulgam informações sobre suas finanças.

O país se declara uma monarquia constitucional, embora o Rei Maomé VI, grande entusiasta do futebol, também ocupe o cargo de chefe do parlamento e conduza o país de uma forma um tanto personalista. Com a primeira Copa do Mundo realizada em um país árabe (e de maioria muçulmana), o monarca tem feito investimentos pesados a fim de garantir o apoio ao time nacional nas arquibancadas.

Isso inclui o acordo da Real Federação Marroquina de Futebol (RFMF) e do governo do país com a Royal Air Maroc (a menção à realeza no nome não é coincidência, já que 95% do capital da empresa é estatal), para bancar sete voos lotados com torcedores (de 274 a 340 passageiros), com o intuito de incentivarem a seleção do país no jogo contra Portugal.

Apoio estatal

O apoio estatal ao time de Marrocos fica evidente também no patrocínio máster, que é da Maroc Telecom, outro contrato cujo valor não é divulgado. A empresa era pública e passou por um processo que pode ser descrito como privatização, em que o controle acionário (53%) foi repassado ao grupo francês Vivendi.

Mais tarde, o conglomerado venderia sua participação na empresa à Etisalat, que tem como sócio principal ninguém menos que o governo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Em todo caso, o estado marroquino segue comandando 22% do capital da companhia de telecomunicações do país.

Entre os outros apoiadores da seleção africana estão marcas globais e regionais, como Sidi Ali, OCP, Inwi, Hyundai, Head & Shoulders, Gillette, Coca-Cola, CDG, Bank Al-Maghrib e Afriquia.

Portugal, por sua vez, tem como patrocinador principal a cerveja Sagres. Os demais apoios são em quantidades bem menores em comparação às demais seleções que disputam as quartas de final. Entre eles estão empresas como Altice, BPI, Jogos Santacasa, Cuf, Sacoor Brothers, Hertz, Vodafone, Placard e Continente.

Nas redes, diferença avassaladora

É nas redes sociais que encontramos diferenças avassaladoras no desempenho das duas seleções. Enquanto Portugal soma 17 milhões de seguidores nas principais plataformas virtuais (quase 7 milhões de pessoas a mais do que a população do país), Marrocos conta com apenas 3,1 milhões (menos de 10% do total de seus habitantes).

O time português é impulsionado no universo digital por seu astro Cristiano Ronaldo, que chegou à Copa do Catar trazendo na bagagem uma das mais bem-sucedidas trajetórias do futebol mundial em todos os tempos, ainda que agora esteja relegado ao banco da seleção portuguesa.

O astro conta atualmente com nada menos que 510 milhões de seguidores no Instagram, sendo o ser humano mais seguido da rede social. Se o perfil do atleta fosse um país, seria o terceiro mais populoso do mundo. Mesmo jogadores portugueses menos badalados (mas fundamentais na campanha que o país fez até o momento), como João Félix, com seus 6 milhões de fãs no app, estão bem acima do desempenho dos marroquinos nas redes.

No caso de Marrocos, o goleiro Yassine Bounou (ou Bono), por exemplo, possui 3 milhões de seguidores no Instagram. A exceção é Achraf Hakimi, que joga atualmente no PSG e já teve passagens por outros grandes clubes europeus, como Real Madrid, Borussia Dortmund e Internazionale. O lateral-direito ostenta um desempenho um tanto melhor, com 11,8 milhões de seguidores.

Neste sábado (10), as duas seleções terão a chance de fazer história na Copa do Mundo. Além de avançar na busca pelo tão almejado troféu, uma delas poderá despertar de vez o interesse das grandes marcas, de olho nos consumidores que o esporte mais praticado e assistido do mundo é capaz de atrair.

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