Engana-se quem pensa que Brasil x Argentina é a maior rivalidade que existe no planeta. Muito antes de a América do Sul começar a ser colonizada, lá pelos idos de 1300, ingleses e franceses já se digladiavam pela hegemonia econômica e militar da Europa Ocidental. As seleções dos dois países se enfrentarão neste sábado (10), a partir das 16h (horário de Brasília), por uma vaga nas semifinais da Copa do Mundo 2022, em um confronto que promete ser acirrado nos gramados e nas finanças.
A disputa geopolítica entre França e Inglaterra já teve altos e baixos para os dois lados, até que, a partir da segunda metade do século XIX, ambas fizeram a divisão de seus “latifúndios” globais e passaram a concentrar seus esforços na colonização da Ásia e da África (esse passado de exploração explica a enorme quantidade de jogadores de origem africana nas seleções desses dois países, cujas populações são majoritariamente brancas). Depois disso, até tiveram a oportunidade de lutar duas guerras mundiais como aliadas. Mas rivalidade, quando é digna desse nome, acaba sempre permanecendo.
Melhores campanhas em campo
Dentro de campo, França e Inglaterra fizeram duas das campanhas mais sólidas deste Mundial. Ainda que os “bleus” sejam os atuais campeões, é praticamente impossível apontar um favorito disparado. E fora dos gramados, quando analisamos o lado financeiro, o equilíbrio também se faz presente.
Atualmente, a seleção da França aparece em quarto lugar no ranking da Federação Internacional de Futebol (Fifa), enquanto seus rivais estão na quinta posição. Se os franceses ganharam a última Copa do Mundo, a Inglaterra foi finalista da Euro, em 2021, perdendo para a Itália na decisão.
No faturamento, leve vantagem inglesa
Apesar da ligeira desvantagem na análise futebolística, os súditos do Rei Charles III apresentam uma certa superioridade no campo dos cifrões. O Demonstrativo Financeiro da Football Association (FA) referente a 2021 mostra que a entidade faturou o equivalente a € 109.746.440 (pela cotação atual da libra esterlina) em patrocínios. Já a Federação Francesa de Futebol (FFF) recebeu, no ano passado, € 104.830.000 com seus contratos com patrocinadores.
As duas seleções têm a Nike como fornecedora de material esportivo. O acordo da FA com a empresa foi renovado em 2016. À época, foi divulgado que os valores chegariam a € 470 milhões, o que representaria um pouco menos que € 40 milhões ao ano. Esta, a propósito, é a quantia que a FFF recebe, anualmente, pelo contrato com a gigante americana.
Nos patrocínios, ingleses vencem
Quando se analisa a quantidade e a natureza dos patrocinadores, a balança passa a pender com mais força a favor dos ingleses. Os principais contratos da FFF são com Crédit Agricole, EDF, Orange, Uber Eats e Volkswagen. Entre os outros parceiros estão Konami, Belin, Betclic, Coca-Cola, Intermarché e KFC. Aqui, percebe-se o equilíbrio entre marcas globais e empresas locais, sempre lembrando que a França é uma das maiores economias do mundo.
Talvez por influência de seu campeonato nacional, a Premier League, que atualmente é o mais badalado do mundo, a Inglaterra (que não ganha e nem mesmo chega a uma final de Copa do Mundo desde 1966) acaba por reunir um número maior e mais globalizado de patrocinadores.
O patrocínio máster dos ingleses é da BT, que paga o equivalente a € 69,7 milhões ao ano à FA. A entidade esportiva também tem contratos com Budweiser, Coca-Cola, Cognizant, Dettol, Disney, Emirates, Fanatics, Google Cloud, LG, Lucozade, M&S Food, Mitre, National Express, Nationwide, Nuffield Health, PayPal, Pokémon, Snickers, Thomas Lyte, Vitality, Walkers, Weetabix e XBox.
Redes sociais
Quando o assunto é redes sociais, a paridade de forças também impera dos dois lados do Canal da Mancha. Enquanto a seleção francesa tem 26,7 milhões de seguidores nas principais plataformas virtuais, os ingleses somam 24,1 milhões.
Porém, essa aparente igualdade só vigora quando se analisam as seleções isoladamente. Quando as redes dos atletas entram em campo, os franceses ganham de goleada. Principal estrela da Inglaterra nesta Copa do Mundo, Harry Kane possui 13,4 milhões de seguidores no Instagram, enquanto a jovem promessa Jude Bellingham tem 4,6 milhões. Já o craque francês Kylian Mbappé conta com 76 milhões de fãs no app, enquanto Antoine Griezmann soma pouco mais de 37 milhões.
Dentro de algumas horas, uma dessas seleções estará definida como semifinalista da maior competição de futebol do planeta. E, então, as marcas poderão avaliar até que ponto suas estratégias em relação aos dois times foram efetivas para atingir os torcedores que, mais do que isso, também são consumidores.