Relatório da Fifa aponta abuso on-line contra jogadoras da Copa do Mundo Feminina

Argentina Yamila Rodríguez, que joga atualmente no Palmeiras, foi um dos alvos mais frequentes dos ataques - Reprodução / Instagram (@yamii_rodriguez11)

Um relatório emitido pela Fifa e pela Federação Internacional de Associações de Futebolistas Profissionais (Fifpro) revelou que uma em cada cinco jogadoras que estiveram na Copa do Mundo Feminina deste ano, realizada na Austrália e na Nova Zelândia, foram alvo de abuso generalizado on-line. O relatório foi produzido pelo Serviço de Proteção de Mídias Sociais (SMPS, na sigla em inglês), lançado em uma iniciativa conjunta entre as entidades em 2022.

Mais de 20% do abuso foi identificado como homofóbico e mais de 15% tinha natureza sexual. Em comparação, as jogadoras tiveram uma probabilidade 28,5% maior de sofrerem ataques do que os jogadores da Copa do Mundo Masculina do Catar disputada no ano passado.

“O ódio e o abuso presentes representam uma crise social que afeta indivíduos em todo o mundo e não pode ser simplesmente ignorada ou facilmente desconsiderada. No futebol profissional, esse ambiente tóxico on-line é um local difícil e arriscado para os jogadores”, destacou o relatório.

“Não pode haver lugar nas redes sociais para aqueles que abusam ou ameaçam alguém, seja nos torneios da Fifa ou outro lugar. A discriminação não tem lugar no futebol nem na sociedade”, disse Gianni Infantino, presidente da Fifa, nas redes sociais.

Serviço de Proteção de Mídias Sociais (SMPS)

Jogadoras da Copa do Mundo que optaram pelo serviço tiveram suas contas no X (ex-Twitter), Instagram, Facebook, TikTok e YouTube monitoradas, com comentários abusivos no Facebook, Instagram e YouTube sendo ocultados pelo serviço. De acordo com o relatório, o SMPS monitorou mais de 2 mil contas e identificou e ocultou 116 mil postagens abusivas entre 1,3 milhão de comentários no total. Vale destacar que o X e o TikTok não disponibilizam o recurso de ocultar comentários.

Segundo o relatório, duas jogadoras foram alvos mais frequentes: a norte-americana Megan Rapinoe e a argentina Yamila Rodríguez.

Agora aposentada, Rapinoe ficou conhecida, entre outras coisas, por se manifestar sobre questões sociais e ajoelhar durante o hino nacional entoado antes das partidas. Já Rodríguez, que atualmente joga no Palmeiras, possui uma tatuagem de Cristiano Ronaldo em uma das pernas, o que fez alguns argentinos pensarem que ela preferia o astro português em relação ao compatriota Lionel Messi. Em julho, Rodríguez respondeu aos seus críticos no Instagram.

“Por favor, parem, eu não estou me divertindo. Em que momento eu disse que sou anti-Messi?”, questionou.

“Eu não estou passando por um momento ruim por causa de vocês, mas pelas atrocidades que são ditas, sem piedade. Não é possível ter um ídolo ou um jogador que você goste? Messi é nosso grande capitão na seleção nacional, mas o fato de eu dizer que minha inspiração e meu ídolo são CR7 não significa que eu odeio Messi”, desabafou.

O relatório também identificou que mensagens de apoio ou de pesar a políticos geram aumento na repercussão negativa, principalmente nos Estados Unidos. Por fim, o documento ainda recomendou “campanhas de conscientização”, uma vez que o apoio a autoridades dos EUA pode surtir “efeitos derivados”, principalmente com os Estados Unidos prestes a ser um dos países-sede da Copa do Mundo de 2026.

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