Fundada em 2010 como uma equipe do jogo eletrônico Dota 2, a paiN Gaming se posiciona no mercado como uma das maiores organizações de e-Sports da América Latina. E não é para menos. Além dos títulos conquistados no cenário competitivo dos games, a equipe ainda foi uma das primeiras da região a aderir aos formatos de Gaming House e Gaming Office, espaços que se assemelham aos centros de treinamento dos esportes tradicionais.
Em novembro de 2022, a paiN ainda inaugurou um dos principais complexos de e-Sports da América Latina. Com uma área de mais de 1.500m², o local concentra toda a estrutura competitiva e administrativa do time, além de espaços para promover experiências aos fãs, como uma arquibancada para até 150 pessoas posicionada em frente a um telão de 3 metros.
“Por mais que a gente já tenha tido outros escritórios, as estruturas eram sempre muito apertadas. O League of Legends ficava em um lugar, o Dota em outro, Counter-Strike em outro, e assim por diante. Quando chegou a hora de juntar todas as partes, a gente pensou ‘vamos ter que fazer um megaescritório para comportar todo mundo’”, comentou Thomas Hamence, CEO da paiN Gaming, em entrevista à Máquina do Esporte.
Fãs
A ideia da paiN é também priorizar os fãs . O espaço do telão com a arquibancada foi pensado para criar um relacionamento mais próximo com os torcedores e promover novas experiências.
“A gente não pode esquecer da nossa parte mais importante que é a nossa torcida. Então, por mais que nós pensássemos em um lugar onde todas as partes trabalhassem juntas, não tinha como deixá-la de fora. A realidade é que o primeiro projeto foi o da arquibancada. A partir daí, fomos construindo os módulos em volta dela”
Thomas Hamence, CEO da paiN Gaming
Monetização
Do ponto de vista comercial, o novo complexo abre uma série de possibilidades para a paiN rentabilizar o espaço e criar novas fontes de receitas. O local conta com diversas propriedades para serem exploradas, como estúdios e salas de treinamento, além da área voltada para receber os torcedores.
“O espaço é aberto e está nas nossas propostas comerciais. A partir do momento em que nós temos um lugar para oferecer, conseguimos fazer disso um negócio por si só”, disse Sharis Endres, diretora de marketing da paiN Gaming.
“Tem muita marca que quer fazer foto de produto, produzir conteúdo a partir dos nossos influenciadores para as redes sociais, que acabam também usando o espaço porque, se você não precisa locar um estúdio, já é infinitamente mais interessante para essas marcas”, completou a executiva.
Eventos
A paiN ainda utilizará o espaço para promover eventos e experiências ao público. Já nos playoffs do 2º split do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL) 2023, que começarão nesta sexta-feira (11), a organização abrirá o complexo para os torcedores se reunirem e acompanharem as partidas do time.
“A gente ainda está no nosso primeiro ano de uso efetivo da arquibancada, e temos feito alguns testes específicos. Foram dois no começo do ano, e agora a gente vai abrir todos os jogos dos playoffs do CBLOL para a torcida com algumas ativações de patrocinadores”, comentou Endres.
Fontes de receita
Com relação ao faturamento, a paiN divide suas receitas em três fontes principais: patrocinadores, direitos de transmissão e divisão de receitas dos torneios. Além disso, a organização ainda arrecada com venda de jogadores, comercialização de produtos, ações de marketing pontuais e participação nas receitas dos anúncios nas plataformas de vídeo sobe demanda (VOD, na sigla em inglês).
Sobre os direitos de transmissão, a paiN, assim como as outras equipes de e-Sports, não recebem pela exibição de seus jogos, mas pela produção de conteúdo de seus talentos, como são conhecidos os atletas ou influenciadores, em plataformas de transmissões ao vivo. Vale destacar que são as produtoras dos jogos que arrecadam com a venda dos direitos de mídia das competições.
“A gente tem o direito de exploração do streaming dos nossos talentos, e isso acaba sendo uma receita bastante substancial, que ainda não são dos direitos de transmissão dos campeonatos. A gente busca isso junto às publishers [produtoras], que é elas começarem a deixar a gente buscar essas receitas, porque elas ganham e nós não. A tendência é ter um crescimento gigante quando isso de fato acontecer”
Thomas Hamence, CEO da paiN Gaming
“Nesse momento, essa receita praticamente desapareceu porque as plataformas mudaram as políticas. Mas, no nosso entendimento, é uma coisa cíclica que tende a voltar. A gente acha que a história vai se repetir, porque já aconteceu outras vezes, e uma hora o interesse volta”, completou.
No entanto, por conta de mudanças nas políticas das plataformas, o faturamento da paiN com direitos de transmissão, que por muito tempo sustentou a indústria dos e-Sports, caiu consideravelmente.
Além disso, no caso do CBLOL, que adota um modelo de liga baseado no sistema de franquias, assim como a NBA, a receita da competição é distribuída para os times participantes de acordo com critérios específicos.
“Uma parte do que a liga produz é distribuído para os times. Então, se a liga faturou R$ 100 mil, uma parte disso vai ser distribuído para as equipes segundo as regras de divisão de cada liga”, explicou o CEO da paiN Gaming.
Em competições de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), a situação é diferente. As equipes faturam com uma porcentagem da venda de artigos colecionáveis dentro do jogo relacionados aos times que se classificam para o Mundial.
“Nem todos os campeonatos seguem esse mesmo modelo. No Counter-Strike, por exemplo, que não tem franquias, eles vendem itens cosméticos relacionados aos times que se classificam para o Mundial, e parte dessa receita é distribuída para as equipes, que têm uma receita bastante substancial com isso”, concluiu.
* Estagiário da Máquina do Esporte, sob supervisão de Adalberto Leister Filho