Última empresa a desembarcar no Brasil para disputar o concorrido mercado de venda de aparelhos celulares, a coreana Pantech decidiu apostar no esporte como estratégia de marketing e de expansão no país.
Desde dezembro de 2005, quase cinco meses após começar suas atividades no país, a Pantech anunciou o patrocínio ao time de vôlei da Unisul, que tem como gerente de esportes o ex-jogador Giovane.
A escolha do time não foi por acaso. O diretor de marketing da empresa, Bruno Lee, é amigo pessoal de Giovane, e viu no apoio à equipe de Santa Catarina uma oportunidade mais acessível de usar o marketing esportivo.
“O esporte olímpico ainda tem muito a acrescentar, e a iniciativa privada poderia ajudar muito o esporte olímpico”, afirma o executivo em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.
Se o vôlei foi a porta de entrada para o marketing esportivo da Pantech, a realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro no ano que vem pode ser o momento de consolidação da empresa na área. O objetivo é assumir o quinto lugar entre as multinacionais do setor.
“Os nomes têm tudo a ver”, resume Lee.
Leia a seguir entrevista com o executivo da Pantech:>/b>
Máquina do Esporte: Por que a decisão de começar o investimento no esporte a partir do vôlei, que é um esporte com menor expressão e visibilidade na mídia?
Bruno Lee: Primeiramente não tenho nada contra mas também não tenho nada muito a favor do vôlei. O esporte olímpico no Brasil ainda tem muito a acrescentar, e a iniciativa privada poderia ajudar muito o esporte amador. A nossa empresa é a última entrante na área de telefonia celular no Brasil. Eu já tenho uma amizade com o Giovane antiga, conheci-o há dez anos, quando ele estava no vôlei de praia [Lee era responsável pelo marketing da BCP, que patrocinava o atleta]. Acho que essa associação e o patrocínio poderiam trazer muitos benefícios para as duas partes. Foi mais para ver o que a gente poderia fazer, até onde poderia chegar.
ME: E a Pantech usa bastante a imagem do Giovane em suas campanhas…
BL: Sem dúvida que o nome dele agrega muito. Ele já é um esportista muito vencedor, tem duas Olimpíadas [ganhou as medalhas de ouro em 1992 e 2004]. E tem também o José Roberto Guimarães [técnico do time, ouro em 92]. Associando nossa imagem com a imagem desse grupo, poderíamos ter mais visibilidade para a empresa. No fim, juntamos amizade e negócios e acabamos fazendo acontecer. O time está evoluindo bastante no campeonato e agora estamos fazendo algumas ações com o Giovane e com o próprio time quando eles jogam em outra cidade.É importante essa iniciativa nossa para os esportes olímpicos. A gente consegue ver que as pessoas gostam, se envolvem.
ME: O vôlei é um esporte mais fácil de se trabalhar com o público?
BL: Sem dúvida que é mais tranqüilo. O vôlei é um meio muito fácil de contato com o próprio público. É fato que o brasileiro tem essa ligação de relacionamento com as pessoas. Da nossa parte isso acaba somando muito.
ME: Quanto a empresa está investindo no apoio ao esporte?
BL: Não gostaria de divulgar, mas acho que é importante esse apoio. Para a empresa, sempre se associando com esporte, dá um bom retorno.
ME: Então qual é a expectativa de aumento de vendas a partir do patrocínio ao vôlei?
BL: Acredito que não ligaria o patrocínio com as vendas, mas com a exposição e a divulgação da marca através de um esporte que é admirado pelas pessoas, especialmente os jovens.
ME: Mas para conseguir fazer o patrocínio ter um retorno é preciso investir bastante em ações de relacionamento. Isso é algo que a Pantech tem feito com freqüência?
BL: Nós fazemos muito isso. Quando jogam em cidades mais próximas de São Paulo, principalmente em cidades do interior. O próprio público gosta. A gente faz ações com o Giovane e com o time. O curioso é que as crianças não viram o Giovane jogar, mas as mães deles sim. E isso já nos traz um retorno. Além disso a gente faz algumas ações dependendo do evento. Na grande maioria das vezes nos associamos com a Vivo, com ações do tipo comprar e ganhar brindes. São bolas para distribuir, alguns brindes. O importante é reconhecer que a Pantech tem esse investimento no esporte e também é uma marca de qualidade, com produtos de ponta.
ME: Por que a empresa não optou por investir no futebol, que é o esporte com maior penetração na mídia e na torcida?
BL: Do futebol recebemos muitas ofertas. Mas os valores são muito elevados. Além disso, é um esporte de massa. O torcedor tem um time e torce por ele. E infelizmente às vezes as pessoas levam em conta mais a emoção que a razão. No futebol, o investimento tem de ser no longo prazo. É difícil associar a marca com o time, depende de como o time vai evoluir no campeonato. E também você tem que ter uma parte em termos de administração. Ainda hoje temos como exemplo apenas a Parmalat e o Palmeiras como uma coisa a mais no mercado.
ME: O senhor então acredita que só patrocinar o clube não é suficiente?
BL: O simples patrocínio eu acho que não. Tem que ser uma parceria por um longo período. Não precisa ir muito longe. Qual foi o último patrocinador do São Paulo antes da LG? Duvido que muitos lembrem. Não é tão fácil agregar a marca ao clube. Porque é um esporte de massa. Além disso, é um investimento altíssimo que se tem de fazer.
ME: E existe o interesse em investir em outros esportes além do vôlei?
BL: Nós estamos analisando vários aspectos. Agora, com o Pan-Americano, existe uma série de oportunidades. A marca também ajuda. Pantech e Pan. Tem muita oportunidade e nesse sentido a marca é um auxílio. Acho que o importante é pensar na exposição da marca e na participação que podemos ter dando uma iniciativa para os esportes olímpicos. Estamos iniciando os trabalhos nesse sentido. A marca já começa a ser reconhecida pela sua qualidade. Isso deve aumentar em breve.
ME: Mas já existe alguma coisa voltada para o Pan?
BL: Não temos especificamente algo. Tendo a oportunidade, e se nós percebemos, seja a modalidade ou o atleta, que existe um potencial futuro, porque não dar o respaldo?