Qual é o limite de uma empresa que se propõe a ser uma organizadora de eventos esportivos? Para o diretor geral da Enter- Entertainment & Experience, Caio Luiz de Carvalho, esse trabalho tem que chegar a pontos que o consumidor do produto final dificilmente irá ver. Para o executivo, a agência tem que se preocupar não só em organizar, mas em “fabricar” eventos esportivos.
Para Carvalho, a agenda de megaeventos esportivos que o Brasil terá nos próximos anos é uma grande oportunidade para desenvolver o segmento. “Nós vamos trabalhar o esporte em diversos aspectos, para que o esporte seja para todos, como prática de atividade física, para a saúde. São questões importantes para serem pensadas”, afirmou, em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.
Presidente da SPTuris nos últimos seis anos, Caio Carvalho assumiu recentemente a Enter, quando a empresa com um ano de vida. Projeto do grupo Bandeirantes, a ideia é ter uma agência própria para maximizar os ganhos com os eventos programados, algo que já acontece com Rede Globo e a sua Geo Eventos.
No esporte, o principal produto da Enter permanece com a Fórmula Indy, que mantém uma etapa realizada nas ruas de São Paulo. Nesse caso, o desafio a de Carvalho passa a ser fazer desse evento algo que chame cada vez mais turistas, o que já era realizado quando o executivo estava no maior cargo da SPTuris.
Carvalho exalta o período em que esteve na SPTuris porque São Paulo passou a ter um número consideravelmente maior de turistas, que agora passam mais tempo na capital paulista. “O trabalho me deu muita alegria porque São Paulo mudou. E não só os paulistanos perceberam isso como os estrangeiros também têm percebido”, afirmou, creditando o sucesso aos eventos que a cidade tem recebido.
Leia a entrevista na íntegra:
Máquina do Esporte: A Enter existe há um ano. O que muda com a sua chegada?
Caio Carvalho: A Enter é uma empresa do grupo Bandeirantes e que tem crescido no segmento do entretenimento, na experiência gerada com o negócio do entretenimento, área que cresce mundialmente. Ela nasceu com dois eventos, a Fórmula Indy e o Miss Universo, e tem todo um caminho a percorrer, com captação de novos eventos em um momento de grande demanda para as cidades brasileiras e para a economia do país.
ME: Pensando em esporte, como trabalhar os eventos?
CC: Um dos focos da Enter é o esporte em um sentido mais amplo. Então na Fórmula Indy nós vamos fazer, por exemplo, o cartão Indy 300. Como a prova será no dia 29 de abril, ela irá emendar com um feriado. Quem adquirir o cartão poderá assistir aos dias de evento e ainda ter descontos em hotéis, shoppings e restaurantes, para dar benefícios aos turistas que irão para São Paulo para ver a prova. A Fórmula Indy é um grande evento e é um evento democrático, com todas as áreas abertas para o publico. É um grande atrativo.
ME: Como os megaeventos esportivos que acontecerão no Brasil ajudam no desenvolvimento da Enter?
CC: A Enter já começa buscando o seu foco, que está em 2016. Até lá, vão ser criadas diversas experiências para públicos distintos no Brasil. Os ingleses têm trabalhado isso muito bem com a proximidade dos Jogos Olímpicos de 2012. Nós vamos apostar na força do esporte em cada região do Brasil, não só em São Paulo. Teremos projetos nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo.
ME: A forma que a Enter trabalha o esporte é a mesma forma que o entretenimento, caso do Miss Universo, é trabalhado?
CC: De forma alguma. Os dois negócios envolvem turismo, lazer e cultura. Mas nós vamos trabalhar o esporte em diversos aspectos, para que o esporte seja para todos, como prática de atividade física, para a saúde. São questões importantes para serem pensadas. Temos programas para desenvolver o esporte, para massificá-lo. São trabalhos em projetos olímpicos para aproveitar essa agenda rica do Brasil.
ME: Mas a Enter é uma empresa de eventos. Esse tipo de preocupação cabe nos planos?
CC: Esta é uma empresa organizadora de eventos, mas ela vai fabricar eventos até 2020. E para isso, é preciso pensar nessas questões.
ME: Especificamente para a Fórmula Indy, quais são os planos para os próximos anos?
CC: A Indy, junto com a Fórmula 1, é um evento de grande visibilidade mundial. No caso da Indy, a visibilidade maior é no mercado dos Estados Unidos. Há um ganho intangível no mercado americano. No que pode ser tangível, no primeiro ano de Fórmula Indy em São Paulo houve um retorno de mídia de US$ 250 milhões nos Estados Unidos. Para os próximos anos, nós vamos trabalhar muito o entorno da corrida para aproveitar essa exposição, tornar o turismo ainda maior.
ME: E, para o esporte, quais serão os focos da Enter?
CC: O grupo Bandeirantes tem muita tradição no vôlei e no esporte amador. Então a empresa quer começar esse movimento para essas duas direções. Mas teremos muito o que fazer, há muita coisa para ser trabalhada.
ME: O senhor passou os últimos seis anos na SPTuris. Como avalia esse período?
CC: Foi uma experiência extremamente rica. Em 2006, São Paulo recebia entre 7 e 8 milhões de turistas ao ano. Hoje, são 12 milhões. Em 2005, a média de estadia desses turistas era de 2,5 dias, hoje é de 4,6 dias, graças ao aumento da frequência de estrangeiros na cidade. Tudo isso se deve ao trabalho de fazer com que a cidade receba grandes eventos, que geram negócios, geram empregos e aumenta a economia. O trabalho me deu muita alegria porque São Paulo mudou. E não só os paulistanos perceberam isso como os estrangeiros também têm percebido.
ME: Com os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, São Paulo fica atrás na realização de grandes eventos esportivos?
CC: Rio de Janeiro e São Paulo são produtos que se complementam. No Brasil, 73% dos voos que chegam do exterior pousam em São Paulo. Então o esporte e o turismo estarão com as duas cidades; não há competição.