Uma ideia que parecia despretenciosa se tornou o maior canal esportivo no YouTube durante as Olimpíadas de Paris 2024. A história de como surgiu a CazéTV foi contada por Fábio Medeiros, head de conteúdo do canal, durante o Máquina Talks – Transformação Digital no Esporte.
A CazéTV surgiu dentro da estrutura da LiveMode, que era agência oficial da Fifa para a negociação de direitos de transmissão da Copa do Mundo do Catar 2022 no Brasil.
“Essa relação com a Fifa aparece como oportunidade para o surgimento da CazéTV”, conta Medeiros.
“Não existia um canal de esporte no YouTube no Brasil para explorar esses direitos. Aí a LiveMode teve a ideia de trazer um influenciador como o Casimiro Miguel, que por coincidência havia sido estagiário no Espote Interativo, que trouxe um sucesso muito maior do que a gente imaginava”, acrescenta ele, referindo-se ao canal que foi a origem dos principais executivos da LiveMode.
Paris 2024
Mas, se houve destaque nas mídias digitais em eventos como a Copa do Mundo Masculina do Catar 2022 ou a Copa do Mundo Feminina da Austrália e Nova Zelândia 2023, nada se comparou ao sucesso obtido no maior desafio enfrentado pelo canal: a transmissão das Olimpíadas de Paris 2024.
“Copa do Mundo e Euro são eventos gigantesco, com grande audiência. Mas são no máximo três jogos por dia. Nas Olimpíadas, chegamos a fazer mais de 30 eventos por dia”, compara Medeiros.
Durante os Jogos, segundo ele, a CazéTV atingiu 56 milhões de pessoas no Brasil apostando em uma linguagem diferente, mais informal e que se aproximasse da torcida pelo desempenho dos atletas do Time Brasil.
“A Globo fez uma cobertura incrível, como sempre faz, mas com a linguagem dela, para o público dela. No nosso caso, falamos para nosso público, que reage da mesma maneira que nossa equipe de transmissão. Essa conexão é muito importante”, afirma ele.
Além do sucesso no YouTube, a CazéTV também bombou no Instagram, no qual liderou a audiência olímpica, com 129 milhões de pessoas alcançadas em suas publicações.
“No TikTok ficamos em segundo lugar no planeta, atrás apenas do canal oficial do COI [Comitê Olímpico Internacional], que tinha os direitos das Olimpíadas para todo o planeta, e nós tínhamos apenas para o Brasil”
Fábio Medeiros, head de conteúdo da CazéTV
Segundo pesquisa apresentada durante sua fala, 81% do público da CazéTV está na faixa dos 18 a 44 anos, sendo 49% da classe AB, o que serve como ótima forma de atrair marcas para patrocinar as transmissões do canal.
Mutirão
Além de estabelecer essa conexão com o público, a CazéTV também se aproximou dos atletas com diversas ações. A mais bem-sucedida dela foi o Mutirão CazéTV, no qual os apresentadores, durante as transmissões, chamavam o público para promover o crescimento digital do atletas brasileiros.
“Essa ação começou durante o Pan-Americano [de Santiago 2023], com o capitão da seleção brasileira de beisebol. Ele tinha uns 800 seguidores e chegou a 8.000”, conta Medeiros.
Mas o sucesso e repercussão da iniciativa foi mais acentuado nas Olimpíadas de Paris. O principal case de sucesso foi com a judoca Bia Souza, campeã olímpica. A atleta saiu de uma base de 8.000 seguidores e hoje possui 3,1 milhões de fãs no Instagram.
“Nas Olimpíadas geramos 15 milhões de seguidores fazendo essa ação com diversos atletas. Hoje a Bia Souza tem mais seguidores do que o Teddy Riner, que é o maior judoca do mundo”, compara Medeiros, referindo-se ao badalado judoca francês, tricampeão olímpico, que conta com 1,5 milhão de fãs na mesma rede social.
Para muitos atletas, o crescimento de sua base digital gera patrocínios, já que as marcas passam a se interessar por quem fala com um público mais amplo.
“A Bia Souza hoje faz propaganda do Bradesco”, lembra o executivo.
O Máquina Talks é mais um evento com a organização da Máquina do Esporte. O encontro para convidados e que acontece em São Paulo (SP) tem os patrocínios de Genial Investimentos, End to End e Ticket Sports.