A Fórmula 1 promoveu mudanças nos últimos anos para se tornar uma organização mais sustentável. Ainda assim, a principal categoria do automobilismo mundial segue com o objetivo de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa.
Até 2030, a intenção é se tornar “Net Zero”, isto é, ter um saldo neutro na geração de gases de efeito estufa, a um nível que possa ser absorvido pela natureza e por meio de outras medidas.
“Se todos nós nos unirmos, podemos trazer habilidades, conhecimento e experiência de lugares realmente incomuns, combiná-los e fazer uma diferença realmente grande”, disse o diretor de sustentabilidade da McLaren, Kim Wilson, em entrevista à CNBC.
Desde 2018, a Fórmula 1 reduziu em 13% as emissões por conta de mudanças relacionadas à quantidade de pessoas nas etapas e uma maior aplicação de energia renovável.
Apesar do avanço, entende-se que a categoria precisará promover diversas outras mudanças para que possa atingir o objetivo de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2030.
“Estamos buscando cortar nossas emissões em um mínimo de 50% com base na nossa linha de base de 2018”, afirmou Ellen Jones, diretora de ESG (governança ambiental, social e corporativa, na sigla em inglês) da F1.
Regulamento
Em busca de se tornar mais sustentável, a Fórmula 1 já definiu que os motores utilizados pelos carros a partir de 2026 deverão ter pelo menos 50% de sua potência gerada a partir de operação elétrica, além de utilizar combustível 100% sustentável.
O ex-diretor de tecnologia da F1, Pat Symonds, porém, apontou que a definição foi feita sem a especificação de um caminho claro de como alcançá-la.
“O que é realmente importante é que, embora tenhamos definido esse objetivo, não definimos como chegar a ele. Temos cinco empresas de energia atualmente produzindo combustível para a Fórmula 1, e queremos que nossa regulamentação incentive a competição para encontrar a melhor maneira de chegar lá”, disse à CNBC.
Apesar das iniciativas, os carros são responsáveis por apenas 0,7% do total de dióxido de carbono produzido pela F1, algo próximo de 250 mil toneladas por temporada.
Viagens
Um outro fator que deverá ser reavaliado pela Fórmula 1 é o deslocamento exigido pelo campeonato. Uma auditoria da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) apontou que 45% das emissões da categoria são provenientes dos deslocamentos de pessoas, estruturas e equipamentos.
Na avaliação de Ellen Jones, a categoria precisa reduzir as distâncias entre as corridas, bem como a quantidade de viagens necessárias. A ideia, porém, vai contra o objetivo de aumentar o número de etapas por temporada.
Além disso, o posicionamento de cada corrida no calendário tem grandes impactos nos negócios da F1. A última corrida do ano, por exemplo, tem a tendência de gerar um apelo maior pela possibilidade de que seja decisiva para o campeonato.
Com isso, atualmente, a Fórmula 1 não faz o caminho mais curto entre todas as suas 24 corridas ao longo do ano. Entre as três etapas nos Estados Unidos (Miami, Austin e Las Vegas), por exemplo, estão etapas na Europa, Ásia e América do Sul.
GP São Paulo
O GP São Paulo de Fórmula 1 é um dos exemplos da busca da categoria por sustentabilidade. Todo resíduo coletado durante o evento que ocorreu no último final de semana será reciclado.
O “rerrefino”, como é chamado o processo de recuperação dos resíduos, resulta na matéria-prima que retorna ao mercado em forma de óleo básico de alta performance.
Assim, além de evitar o descarte, o GP São Paulo colabora com a economia circular. A ação faz parte do programa de ESG do evento, em linha com as atuais diretrizes da Formula One Management (FOM), grupo de empresas responsável pela promoção do Campeonato Mundial de Fórmula 1 da FIA.