Nos últimos tempos, tornou-se lugar-comum ouvir gente afirmando que o esporte se tornou um grande negócio. Na Fórmula 1, principal categoria do automobilismo mundial, essa máxima é mais do que verdadeira e pode ser notada de maneira escancarada há um bom tempo.
A temporada 2023 de Fórmula 1 terá início neste fim de semana, com toda a programação do Grande Prêmio do Bahrein, que será realizado no domingo (5). Neste ano, o campeonato vem com predomínio das marcas de tecnologia e de finanças, entre os principais patrocinadores das escuderias. Empresas do ramo petrolífero, que sempre tiveram forte presença nesse esporte, também continuam a aparecer com destaque.
Evolução
Há várias décadas, numa época em que alguns grandes clubes de futebol receavam estampar os nomes dos patrocinadores em seus uniformes, os fãs da Fórmula 1 já estavam acostumados aos carros e macacões de pilotos repletos de logotipos de anunciantes. Nos tempos em que os brasileiros dominavam a categoria, por exemplo, nos anos 1980 e início da década de 1990, as marcas de cigarro eram fortemente associadas à modalidade.
Com o avanço das políticas de saúde focadas na restrição ao fumo (e da propaganda relacionada a ele), o perfil das marcas presentes nas equipes mudou. No terceiro milênio, a tecnologia chegou com tudo e dominou todos os setores da vida humana, incluindo os patrocínios na Fórmula 1.
Todas as dez equipes que disputam a temporada 2023 de Fórmula 1 são patrocinadas por gigantes da tecnologia. Em cinco delas, as empresas desse setor detêm o patrocínio máster. Na Ferrari, atual vice-campeã, a Virtual Gaming Worlds (VGW) divide o espaço premium no icônico carro vermelho com a Shell e o Santander.
Na Red Bull Racing, campeã de 2022, o contrato de patrocínio garante à Oracle o direito de figurar no nome da equipe. A Cognizant é outra que tem esse tipo de privilégio na categoria, na condição de parceira da Aston Martin. Nesse caso, divide espaço com o grupo saudita Aramco, que atua no setor petrolífero.
Setor petrolífero também se destaca
Na Mercedes, o title sponsor (modo como é conhecido esse tipo de patrocínio, em que a marca passa a constar oficialmente no nome de uma equipe, arena ou competição) pertence à Petronas, da Malásia, que atua no setor de petróleo e gás. Já o patrocínio máster pertence à química Ineos, do magnata britânico Jim Ratcliffe, que, recentemente, realizou tentativas de comprar o Manchester United da família Glazer.
Na Alfa Romeo, parte dos naming rights (outra forma de se referir a esse tipo de patrocínio) pertence à própria marca de automóveis que hoje batiza a escuderia. A equipe na verdade é a Sauber, que alterou sua denominação em 2019. No fim deste ano, está previsto o fim da parceria com a marca italiana de carros.
Por enquanto, a expectativa é de que a Sauber retorne nas próximas duas temporadas, mas esses planos ainda podem sofrer alterações. Por ora, ela segue sendo a Alfa Romeo. Até o ano passado, a outra parte do patrocínio de nome da equipe estava nas mãos da petrolífera polonesa Orlen, que se tornou parceira da AlphaTauri. Já em 2023, o espaço passa a ser da Stake, empresa de cassino on-line e apostas esportivas, que também é a principal parceira do Everton, time que disputa a Premier League. Este caso é uma exceção na Fórmula 1, um dos raros esportes que ainda não foi dominado pelas casas de apostas.
Na Alpine, o title sponsor está com a suíça BWT, que atua no setor de tecnologia em captação de água. Já na norte-americana Haas, os naming rights são da MoneyGram, empresa de tecnologia de pagamentos e transferência de dinheiro, sediada em Dallas, no Texas.
Sem patrocinador no nome
Equipes mais tradicionais da Fórmula 1, como Williams e McLaren, não contam com patrocinadores em seus nomes oficiais. A italiana AlphaTauri também não se utiliza desse expediente, mas vale lembrar que ela própria já é uma marca pertencente ao grupo Red Bull.
Na Williams, a principal patrocinadora é a Duracell, maior fabricante de pilhas alcalinas do mundo e que, desde 2016, integra o conglomerado financeiro Berkshire Hathaway, do megainvestidor norte-americano Warren Buffett.
Já na McLaren, a lista de patrocinadores é extensa e inclui diversas marcas mundialmente conhecidas do setor de tecnologia, como Chrome e Android, do Google, além de Cisco e Dell, sem contar a OKX, que atua no mercado de criptomoedas.
Marcas brasileiras
Embora o Brasil esteja há algum tempo sem representantes de destaque na Fórmula 1, empresas do país também investem em patrocínios e parcerias com equipes e pilotos. É o caso da Oakberry, marca especializada em açaí, que neste ano renovou seu patrocínio à Haas e também estampará sua marca no macacão de Pietro Fittipaldi, piloto reserva da escuderia.
A Aston Martin, de Fernando Alonso, por sua vez, conta com patrocínios da XP e da Porto Seguro. A escuderia britânica tem o brasileiro Felipe Drugovich como piloto de testes.
Por fim, a última novidade foi divulgada nesta semana. O Itaú Unibanco contratou o heptacampeão mundial Lewis Hamilton como garoto-propaganda do segmento Itaú Personnalité. Vale destacar que o piloto, que acumula 31,6 milhões de seguidores no Instagram, tem forte relação com o Brasil, tendo, inclusive, recebido o título de cidadão honorário do país no ano passado.