No marco de dois anos para o início da Copa do Mundo Feminina 2027, o Brasil mira enfrentar alguns desafios de organização, logística e marketing até o jogo de abertura da competição. O maior deles é a projeção da Fifa, de atingir a meta de US$ 1 bilhão de arrecadação com o evento.
O número representa um aumento de mais de 75% em relação aos US$ 570 milhões gerados pela última edição do Mundial, disputada em 2023 na Austrália e Nova Zelândia.
“Investir no futebol feminino é uma decisão empresarial inteligente e estratégica. O futebol feminino está crescendo rapidamente. O público está aqui. O talento está aqui. O que precisamos agora, mais do que nunca, é do seu total comprometimento”, afirmou Jill Ellis, diretora de futebol da Fifa, durante 75º Congresso da entidade, realizado no mês passado, em Assunção, no Paraguai.
A ideia da federação é que o Mundial no Brasil seja impulsionador do crescimento do futebol feminino no planeta, já que há a promessa é que toda a receita gerada com a Copa do Mundo seja reinvestida na expansão da modalidade entre as mulheres em todo o planeta.
“Queremos deixar um marco histórico que impulsione a equidade necessária para desenvolvimento do futebol feminino brasileiro”, destaca Arthur Elias, técnico da seleção brasileira feminina, que conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Paris 2024.
Inédito
O ineditismo foi um fator que pesou para a vitória brasileira na eleição da Fifa para sede da competição. A América do Sul, apesar de toda a sua tradição no futebol, nunca havia sido sede do evento, que já foi disputado três vezes na Europa e outras quatro na América do Norte. Até Ásia (duas vezes) e Oceania (uma), com bem menos tradição nos gramados, já haviam abrigado a Copa do Mundo Feminina.
Por outro lado, a Fifa já estabeleceu que, após o Brasil, o torneio voltará a seus locais mais tradicionais, com edições nos EUA em 2031 (será a terceira vez que a competição será jogada lá) e Inglaterra em 2035.
Após inspeção pelo Brasil, Fifa já definiu as oito cidades-sede para 2027. Todos os estádios já abrigaram a Copa do Mundo 2014 e terão que apenas fazer poucas adaptações para abrigar o novo evento: Neo Química Arena (São Paulo), Maracanã (Rio de Janeiro), Mineirão (Belo Horizonte), Mané Garrincha (Brasília), Castelão (Fortaleza), Fonte Nova (Salvador), Beira-Rio (Porto Alegre) e Arena Pernambuco (Recife).
“A Copa de 2027 será a oportunidade para dar ainda mais visibilidade ao futebol feminino no Brasil. Nosso objetivo é ampliar a participação, consolidar a modalidade e mostrar o talento de nossas jogadoras para o mundo. Queremos eternizar esse momento com nossa primeira estrela”, afirma Cris Gambaré, coordenadora de seleções femininas da CBF.

Expansão
A chegada da Copa do Mundo Feminina ao Brasil é mais um passo da Fifa em busca da expansão da modalidade a novos territórios e, claro, mercados. Recentemente, a federação estendeu seu Programa de Desenvolvimento de Futebol Feminino até 2027, justamente o ano do Mundial no país, aumentando os oito planos de crescimento atuais para 13 pelo mundo. Todos são tocados em colaboração com as federações nacionais afiliadas.
Comercialmente, a Fifa deu outro passo nessa direção ao assinar com a Netflix um contrato de direitos exclusivos de transmissão para os EUA das edições da Copa do Mundo Feminina de 2027 e 2031.
A federação também decidiu, no mês passado, que a Copa do Mundo Feminina terá 48 seleções a partir de 2031, quando a competição será realizada nos EUA, igualando o formato que será estreado na Copa do Mundo Masculina de 2026, marcada para EUA, México e Canadá.
A Fifa também quer impulsionar o calendário de eventos, tendo anunciado a criação da Copa do Mundo Feminina de Clubes, cuja primeira edição será em 2028. Também dará à luz à Copa das Campeãs Femininas, torneio que reúne as seis seleções vencedoras de suas competições continentais a partir de 2026.
O torneio olímpico, por sua vez, foi ampliado de 12 para 16 seleções, em mudança que será implantada a partir dos Jogos de Los Angeles 2028 (em Paris 2024 apenas 12 times disputaram medalhas).
Em 2025 haverá a primeira edição da Copa do Mundo Feminina de Futsal, nas Filipinas. Já a Copa do Mundo Feminina Sub-17 e Sub-20 passaram a ser disputadas anualmente a partir desta temporada.