O Náutico tem expectativa de impulsionar financeiramente o clube após garantir o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro com um gol no final do jogo contra o Brusque e a consequente vitória por 2 a 1, na partida decisiva válida pela Série C, realizada no dia 11 de outubro, no Estádio dos Aflitos, no Recife (PE).
O resultado não apenas recolocou o clube em uma divisão superior, mas também serve para projetar, na avaliação da diretoria, um avanço em termos de negócios, marketing esportivo e sustentabilidade financeira em um futuro próximo.
Receitas
Com o retorno à Série B, o Náutico atinge um novo patamar de receitas. Segundo Eduardo Downey, vice-presidente comercial e de marketing do clube, o acesso representa uma mudança significativa na estrutura financeira.
“A Série B tem um impacto direto na receita de direitos de transmissão, que é consideravelmente maior do que na Série C. Além disso, há um aumento na visibilidade, o que facilita a negociação com patrocinadores e parceiros comerciais”, destacou o executivo.
Com a mudança de divisão, o Náutico planeja trabalhar com um orçamento mais robusto para desenvolver o futebol do clube na próxima temporada.
“A gente sai de uma receita de R$ 8 milhões no marketing para algo próximo de R$ 20 milhões. Isso muda completamente o planejamento de curto prazo e permite pensar em investimentos estruturais”, festejou Downey.
Patrocínio
Durante a temporada, o Náutico realizou ações com patrocinadores que contribuíram para o engajamento da torcida e a valorização da marca.
Uma das iniciativas foi com a Cimed, patrocinadora que aparece abaixo do patrocínio máster da camisa. A farmacêutica promoveu uma ativação no jogo contra o São Paulo, no Recife (PE), pela Copa do Brasil, para o lançamento de uma inteligência artificial (IA) voltada para bulas de medicamentos.
Na ativação, as 50 primeiras torcedoras do Náutico com o nome Cláudia ganharam ingressos para a partida. As 10 primeiras ainda levaram uma camisa oficial. Claud.ia é o nome da IA lançada pela Cimed. Além disso, também é o nome da mãe de João Adibe, CEO da empresa.
“Foi uma ação que trouxe visibilidade nacional e reforçou nossa capacidade de entregar valor aos parceiros”, comentou Downey.
Outra ação relevante foi o movimento “Energia do Acesso”, voltado para mobilizar a torcida ao longo da temporada para a meta final que era subir para a Série B.
“Essa ação está concorrendo na Confut Nordeste [prêmio dado no congresso da indústria do esporte da região, que será em dezembro]. Todos os patrocinadores do clube entraram [nesta ação]”, contou Downey.
SAF
O clube também esteve envolvido em discussões sobre a criação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Em maio, foi apresentada uma proposta de estruturação da SAF com 100% das ações pertencentes ao clube. Em junho, o Náutico recebeu uma proposta vinculante de um grupo argentino, avaliada em R$ 400 milhões.
Downey revelou que o tema ainda está em pauta. No entanto, ainda é preciso passar por duas instâncias decisórias no Náutico: o Conselho Deliberativo e, caso aprovado, na Assembleia de Sócios.
“O Náutico tem algumas novas propostas em mãos, mas não quis analisar até o fechamento da Série C. Todo mundo estava muito focado nisso. Tiraria nossa energia e precisaria analisar tudo com mais calma”, contou.
Segundo ele, não dá para escolher apenas a proposta financeiramente mais rentável, porque há ofertas que implicam diferentes tipos de investimentos, como melhoria da infraestrutura do Centro de Treinamento e ampliação da capacidade do Estádio dos Aflitos, que hoje comporta 22.856 torcedores e é considerado pequeno para acomodar a torcida.
União
Para o dirigente, o crescimento do futebol pernambucano depende de uma articulação entre os principais clubes do estado. É preciso uma união entre Náutico, Sport e Santa Cruz para que todos subam de patamar juntos.
“Ceará e Fortaleza conseguiram construir um modelo de cooperação que fortaleceu o futebol cearense. Pernambuco precisa seguir esse caminho”, defendeu.
“Temos três clubes com grande torcida e história, e isso pode ser um diferencial competitivo se houver alinhamento”, analisou.
Sustentabilidade
O Náutico passa por um processo de recuperação judicial (RJ), iniciado em 2023. Com dívidas de cerca de R$ 250 milhões, o clube ainda tenta aprovar a RJ na Assembleia de Credores em busca de conseguir manter sua sustentabilidade financeira e estabelecer um fluxo de pagamentos.
“Na Série C, foi difícil dar andamento ao processo porque os valores pagos são muito aquém do esperado. A perspectiva é de que, com o acesso, sejam sanadas essas dívidas, e o clube volte a respirar melhor”, destacou Downey.
Segundo ele, a perspectiva é de que o orçamento na Série B mais do que duplique, indo de R$ 25 milhões para pelo menos R$ 60 milhões.