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Apesar de leve recuo no público, Brasileirão 2025 registra maior arrecadação do último triênio

Torneio está cada vez mais valorizado como produto comercial, mas controlar os custos das operações dos jogos é um desafio para os próximos anos

Torcida do Palmeiras lota o Allianz Parque em jogo contra o Atlético-MG pelo Brasileirão - Cesar Greco/Palmeiras

Torcida do Palmeiras lota o Allianz Parque no jogo contra o Atlético-MG pelo Brasileirão 2025 - Cesar Greco / Palmeiras

Mesmo com um leve recuo no público presente nos estádios, o Campeonato Brasileiro deste ano encerrou o triênio de 2023 a 2025 com a maior arrecadação bruta do período. A consolidação dos borderôs das 38 rodadas das últimas três edições do torneio feita pela Máquina do Esporte mostra que a Série A segue fortalecida do ponto de vista econômico, reforçando seu papel como principal produto do futebol nacional.

Em 2023, o Brasileirão levou 10.212.167 torcedores aos estádios ao longo das 380 partidas, com renda bruta de R$ 503,8 milhões. Em 2024, o público caiu para 10.091.220, mas a arrecadação avançou para R$ 510,4 milhões. Já em 2025, a presença nas arquibancadas permaneceu praticamente estável, com 10.089.319 torcedores, enquanto a renda bruta alcançou R$ 518 milhões, o maior valor do triênio. No acumulado, a arrecadação cresceu 2,82% no período.

O movimento fica ainda mais claro quando se observa o tíquete médio. Calculado a partir da divisão da renda bruta pelo público total informado nos borderôs, o valor médio do ingresso passou de R$ 49,34, em 2023, para R$ 51,35, em 2025, uma alta nominal de 4,07%. O dado indica uma estratégia de preços mais agressiva e maior capacidade de geração de receita por jogo, mesmo sem crescimento relevante de público.

Esse número, porém, precisa ser lido com cautela. O público total registrado nos borderôs inclui ingressos gratuitos e cortesias, prática recorrente em boa parte das partidas do Campeonato Brasileiro. Com isso, o tíquete médio divulgado tende a subestimar o valor efetivamente pago pelo torcedor. Na prática, o preço médio real do ingresso é mais alto do que o apresentado nos dados agregados, o que sugere uma valorização ainda maior da Série A como produto. Considerando-se os dados de 2025 e excluindo-se os ingressos gratuitos, o tíquete médio sobe para R$ 53,00.

Do ponto de vista da acessibilidade econômica, a elevação do tíquete médio não representou perda de poder de compra em relação ao salário mínimo. Em 2023, o ingresso médio correspondia a 3,74% do piso nacional. Esse percentual caiu para 3,58% em 2024 e para 3,38% em 2025, indicando que o reajuste do salário mínimo no período superou o aumento médio do preço dos ingressos.

Quando o recorte passa da renda bruta para o líquido a receber, o cenário mostra maior volatilidade ao longo do período, mas com recuperação ao final do triênio. Em 2023, o valor líquido foi de R$ 256,6 milhões. Em 2024, houve retração para R$ 246,4 milhões. Já em 2025, o montante avançou para R$ 265,5 milhões, o maior resultado do período. O movimento indica que, apesar da pressão de despesas operacionais, taxas e impostos, a bilheteria conseguiu converter melhor a renda bruta em receita efetiva para os clubes no último ano.

Essa pressão aparece de forma ainda mais clara no número de partidas deficitárias. Em 2023, 71 dos 380 jogos terminaram com resultado financeiro negativo (equivalente a 18,7% do total). Em 2024, foram 74 partidas (19,5%). Em 2025, 73 jogos fecharam no vermelho (19,2% da competição). Em outras palavras, cerca de um quinto das partidas do Brasileirão não conseguiu pagar o custo da própria operação.

O retrato do triênio aponta para um Campeonato Brasileiro cada vez mais valorizado como produto comercial, sustentado por preços mais altos e maior eficiência de arrecadação por jogo. Ao mesmo tempo, o comportamento do líquido a receber e o elevado volume de partidas deficitárias reforçam que o desafio da Série A não está apenas em gerar receita, mas em controlar os custos das operações dos jogos.