A Fifa divulgou, nesta terça-feira (14), que a Arábia Saudita será sede do Mundial de Clubes de 2023. O torneio será realizado entre os dias 12 e 22 de dezembro, e permanecerá no formato atual, com sete clubes na disputa pelo título.
A entidade que comanda o futebol mundial aproveitou para revelar que o novo formato, com 32 equipes (sendo 12 europeias e 6 sul-americanas), passará a valer a partir de 2025.
Por fim, ainda fez uma projeção de receitas em torno de US$ 11 bilhões no quadriênio 2023-2026. Entre 2019 e 2022, esse número foi de US$ 7,6 bilhões, dos quais 5,3 bilhões foram investidos no futebol. Neste próximo quadriênio, a ideia é investir US$ 10 bilhões na modalidade.
Para a Arábia Saudita, receber o Mundial de Clubes é mais uma conquista no universo esportivo e serve para consolidar ainda mais a posição do país como destino de grandes eventos. Oficialmente, esse movimento é tratado pelo governo saudita como uma forma de fortalecer a economia do país, tornando-a menos dependente das exportações de petróleo.
Para se ter uma ideia, apenas nos últimos anos, os sauditas passaram a receber um Grande Prêmio de Fórmula 1, voltaram a sediar a Supercopa da Itália, fecharam com a MotoGP, serão anfitriões da Copa da Ásia em 2027 e dos Jogos Asiáticos em 2034, e ainda querem a Copa do Mundo de 2030 (em uma candidatura tripla com Egito e Grécia) e os Jogos Olímpicos de 2036.
Justificado em termos econômicos, o movimento saudita de abocanhar grandes competições também encontra muitos críticos ferozes. A Arábia Saudita é acusada de realizar “lavagem esportiva”, usando o esporte para distrair o restante do planeta em relação a violações de direitos humanos praticadas pelo governo, que é comandado por uma monarquia absolutista.
“O apetite aparentemente insaciável da Arábia Saudita por sediar grandes competições esportivas como parte de uma grande campanha de lavagem esportiva é bem conhecido, mas isso não significa que a Fifa deva facilitar isso acriticamente. A Fifa tem o dever claro de garantir que seus eventos não envolvam violações dos direitos humanos nem permitam que sejam deixados de lado, e, ao conceder a Copa do Mundo de Clubes à Arábia Saudita, a Fifa deve insistir nos padrões mínimos de direitos humanos do país anfitrião”, disse Felix Jakens, chefe de campanhas prioritárias e indivíduos em risco da Anistia Internacional no Reino Unido.
“Sob uma repressão draconiana liderada por Mohammed bin Salman, a liberdade de expressão praticamente desapareceu na Arábia Saudita e, somente no ano passado, pelo menos 67 pessoas foram presas por criticar as autoridades ou por discutir os direitos das mulheres. Julgamentos flagrantemente injustos, tortura e uso extensivo da pena de morte fazem parte da dura realidade na Arábia Saudita, e nenhuma quantidade de torneios de futebol, golfe ou tênis de alto nível em solo saudita vai mudar isso”, acrescentou.
“No mínimo absoluto, a Fifa deve pressionar por uma reforma significativa dos direitos humanos na Arábia Saudita antes da Copa do Mundo de Clubes, e qualquer jogador ou técnico que participar desta competição deve estar preparado para falar sobre a terrível situação dos direitos humanos no país”, finalizou.