Arena 360 quer limitar Maracanã a 70 jogos por ano e sugere mandos de jogo em Brasília (DF)

Vista do Estádio do Maracanã, cuja concessão está em disputa - Luã Pereira / Maracanã

Uma das candidatas a gestora do Complexo do Maracanã, a Arena 360 quer limitar a 70 o número de jogos anuais no estádio. Nesta temporada, a principal arena de futebol do Rio de Janeiro recebeu 74 partidas, incluindo a final da Libertadores, entre Fluminense e Boca Juniors, em novembro.

O problema é que, além do excesso de jogos, prejudicial ao gramado, essas partidas se concentram no período em que há competições oficiais, diminuindo ainda mais o intervalo entre os eventos.

“Estamos deixando 70 jogos. Se puder fazer 90, não temos nenhum interesse em não ter evento lá. Agora, em alguns jogos, eles vão ter que descobrir outras alternativas”, afirmou Richard Dubois, diretor da Arena 360, em entrevista à Máquina do Esporte.

A ideia é dar a possibilidade de Flamengo e Fluminense mandarem 25 jogos por ano na arena. Mas que Vasco e até Botafogo, que manda seus jogos no Estádio Nilton Santos, tenham a chance de atuar no Maracanã, em jogos com maior demanda de público. Há até algumas datas que seriam cedidas para a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj).

E, para os jogos em que não houver condição de utilizar o estádio, o executivo oferece uma alternativa.

“Nós temos o Mané Garrincha aqui. Acho que os times precisam rodar mais o Brasil para nacionalizar sua torcida. Como atividade midiática não podem esperar só que o consumidor vá até eles, têm que ir um pouco até o consumidor”

Richard Dubois, diretor da Arena 360

Concorrência

A possibilidade de ceder o Mané Garrincha como sede alternativa de jogos, aliás, é um dos trunfos da proposta da Arena 360. O documento foi entregue ao governo do estado do Rio de Janeiro na última quinta-feira (7) para a concorrência pela gestão do Complexo do Maracanã pelo período de 20 anos.

Além da Arena 360, mais três empresas disputam a concessão: a dupla Flamengo e Fluminense, que gere o Maracanã de maneira temporária desde 2019; o consórcio liderado pelo Vasco, com participação de Legends e WTorre; e o Grupo Luarenas (Latin United Arenas), que chegou a gerir a Arena Castelão, em Fortaleza (CE), e o Estádio Independência, do América-MG, em Belo Horizonte (MG).

Integrantes dos diversos consórcios ouvidos pela Máquina do Esporte não esperam que a concorrência seja decidida de forma rápida, pois caberá eventuais recursos para as licitantes que se sentirem prejudicadas.

Brasília (DF)

A Arena 360 é dona da concessão do Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF), desde 2020. Na capital federal, a gestão do estádio vive situação oposta à do Maracanã. Há uma baixa demanda por jogos, já que o futebol local não possui nenhum time de alcance nacional.

“O futebol, hoje, é menos de 10% da nossa receita. Não temos um clube local robusto o suficiente para ocupar um estádio como o Mané Garrincha”, lamentou Dubois.

Por outro lado, a gestora trabalha com jogos específicos de grandes clubes brasileiros no local, em diversos formatos.

“Há compra de mando, mando compartilhado, tem operador que compra o jogo e executa tudo aqui, tem time que aluga o estádio e faz toda a operação. Há vários modelos de atuação possível”, relatou o executivo.

“Show é a mesma coisa. Há desde shows que pagamos o cachê do artista até shows, como o do Paul McCartney, que alugou o estádio e fez toda a operação”, acrescentou.

Além dessas iniciativas, a Arena 360 abriu o Complexo do Mané Garrincha, que também incluem o Ginásio Nilson Nelson e o Complexo Aquático Claudio Coutinho, para outras formas de arrecadação.

“Temos mais de 50 empresas que têm escritório dentro do complexo do estádio. A presidência nacional do Giraffas, a XP de Brasília e a [sede da] Heineken do Centro-Oeste estão aqui, além de uma série de escritórios de advocacia”, contou Dubois.

No espaço, também há uma praça de alimentação com 18 restaurantes e uma casa noturna, que opera em datas específicas. Além disso, o Mané Garrincha também recebe feiras e eventos corporativos para preencher seu calendário de ocupação do espaço.

“Para 2024, temos poucas datas disponíveis, mas bloqueamos algumas delas para o futebol. Já tenho jogos negociados para o ano que vem, mas que ainda dependem de sair a tabela para saber qual jogo vem”, afirmou o executivo.

Iniciativas

Com tantos problemas para tornar o Mané Garrincha lucrativo em Brasília, mesmo com baixa demanda com o futebol, o executivo vê o potencial de iniciativas para gerar lucro muito maior no Maracanã.

“Para nós, será muito mais fácil gerir o Maracanã. Entendo que o problema do Maracanã é facilitar o acesso aos clubes, organizar o calendário para que consiga atender a todo mundo. Temos mais demanda do gramado que oferta”, comentou Dubois.

Vindo de uma experiência no Mané Garrincha em que o futebol representa muito pouco do faturamento do espaço, ele acredita que iniciativas semelhantes possam ser implementadas no Maracanã para potencializar ainda mais a geração de receitas.

Assim, a empresa, se ganhar a concorrência, deve implantar um complexo de restaurantes e oferecer espaços corporativos para que de 50 a 100 empresas montem suas sedes por lá, além de investimento em turismo.

“Tenho vontade de fazer, talvez no Maracanãzinho, uma operação de quadra de escola de samba, para promover uma experiência carioca voltada para turistas. O Rio de Janeiro tem conteúdos maravilhosos e não tem um lugar fácil e seguro para o turista desfrutar esses conteúdos, trazendo e levando para o hotel”, finalizou Dubois.

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