A gestão de algumas das principais arenas esportivas do país comemora os números da retomada de eventos presenciais em 2022, mas acredita que o crescimento da rentabilidade a um nível acima do faturamento na pré-pandemia só será conquistado a partir do ano que vem.
“Estamos em processo de retomada. Muito recentemente tivemos a liberação de 100% de público nos eventos. Agora, temos a liberação do uso de máscaras. Então, começamos a ter uma retomada das atividades, mas com perspectivas muito boas”, analisou Marcelo Frazão, diretor de marketing da WTorre Entretenimento, em entrevista à Máquina do Esporte.
De fato, o Allianz Parque, que é gerido pela WTorre, retomou a agenda de grandes shows internacionais e terá Maroon 5 (5 de abril), Kiss (30 de abril), Michael Bublé (5 e 6 de novembro), Harry Styles (6 de dezembro) e Backstreet Boys (27 de janeiro de 2023).
Os eventos corporativos estão sendo gradualmente retomados. Além disso, no último dia 11 de março, o Palmeiras abriu para o público sua sala de troféus no Allianz Parque, o que aumenta a perspectiva de faturamento com visitas em dias sem jogos.
“Acho que 2022 vai ser próximo de 2019. Aí, em 2023 e 2024, teremos uma curva de crescimento relevante. A retomada ainda está em perspectiva, mas creio que essa curva é clara”, comentou.
Para Mauro Guilherme Araújo, diretor-presidente da Arena Porto-Alegrense S.A., gestora da Arena do Grêmio, o nível de retomada atingiu apenas 50% do faturamento obtido em 2019, último ano sem a pandemia de Covid-19. Araújo também é CEO da E2 Arenas, empresa que administra a Arena das Dunas, em Natal (RN), e a Arena Fonte Nova, em Salvador (BA).
“Não tenho dados suficientes, mas acredito que hoje a gente esteja com 50% do que era”, afirmou o executivo.
Frazão e Araújo participaram de um painel sobre gestão de arenas no Sportainment Lab, evento promovido em São Paulo por BTG Pactual, Hubstage, Bichara e Motta Advogados e Win the Game. O gestor das arenas de Natal, Porto Alegre e Salvador ressaltou que os níveis de liberação foram diferentes nos três estados em que a empresa atua.
“O primeiro a ser liberado para o público foi Natal, depois o Rio Grande do Sul e, por último, a Bahia. Mas agora já estamos com 100% de liberação [do público nos estádios]. Espero que a gente volte a caminhar a passos largos para atingir o que tivemos no passado”, comentou Araújo.
Para Frazão, o aumento dos índices de vacinação e a queda no número de mortes e internações pela Covid-19 fará com que o setor de eventos, muito reprimido pela crise sanitária, experimente um boom nos próximos meses.
“A pandemia fez com que se valorizasse o que a gente achava corriqueiro no dia a dia, que era essa possibilidade de se reunir para ver futebol. No caso do Allianz Parque, para os jogos do Palmeiras, para ir a um show ou a um evento corporativo. Acho que isso vai alimentar essa indústria que sofreu bastante nos últimos dois anos”, analisou o executivo.
Esse crescimento já pôde ser visto pela chegada de mais três patrocinadores ao Allianz Parque nos últimos meses: Heineken (cerveja), após fim de batalha judicial com a Ambev, Pede Pronto (aplicativo de delivery) e Galera.bet (site de apostas).
”Esses três novos patrocinadores foram captados exatamente no período da pandemia, já na perspectiva de que a gente teria esse retorno dos eventos. Você tem novas marcas neste ecossistema do Allianz Parque, muito provavelmente por essa oferta de pontos de contato com o público, de visibilidade, de possibilidades de ativação de marca”, finalizou Frazão.