A Portuguesa aprovou, pela segunda vez em quatro meses, a constituição de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e a venda de 80% das ações para a Tauá Futebol, um consórcio de investidores liderado pela Tauá Partners, com participação da XP Investimentos e da Revee.
“A vontade da nossa torcida, dos conselheiros e dos associados foi respeitada. Desde o início, tivemos um grande apoio, que é fundamental para o nosso projeto”, afirmou Alex Bourgeois, sócio-investidor e presidente da Portuguesa SAF.
A votação da Assembleia de Sócios teve a participação de 116 associados do clube, com 113 chancelando o negócio (97,4%). Apenas três sócios votaram contra passar o controle acionário da empresa aos investidores.
“Vamos trabalhar cada vez mais para corresponder a esse incentivo e construir uma Portuguesa vencedora”, disse Bourgeois.
Em novembro, os sócios também haviam aprovado o empreendimento, com ampla maioria. À ocasião, houve participação maior (184 associados), com 158 votos para o sim e 26 para o não. A aprovação, então, tinha sido de 80,4%.
A necessidade de haver outra votação aconteceu após a ata da eleição original, relatada pelo presidente da Assembleia, Marcos Rogério Lico, exigir que a venda da SAF, que já fora aprovada pelo Conselho Deliberativo e pela Assembleia de Sócios, retornasse ao Conselho de Orientação e Fiscalização (COF).
“Encaminho ao COF, para analisar a proposta final, verificando se foram atendidas as ressalvas constantes do parecer do COF aprovadas por unanimidade pelo conselho deliberativo, para ser homologado pela Assembleia Geral”, escreveu o dirigente.
Imbróglio
Quando a proposta foi submetida à diretoria do clube associativo, o documento já havia sido encaminhado ao COF, que é um conselho consultivo e não tem poder de veto. O COF, por sua vez, havia apresentado algumas ressalvas ao negócio que, segundo os investidores, já tinham sido atendidas.
Diante da ameaça da Tauá de deixar o negócio e ir à Justiça solicitando a devolução dos R$ 10 milhões que já haviam sido investidos no clube, Lico voltou atrás e retificou a ata. O problema é que o cartório, encarregado de registrar a nova participação acionária, não aceitou o documento.
Sem esse registro, a Tauá Futebol ficou impedida de receber verba da Federação Paulista de Futebol (FPF) pela participação no Paulistão, como cotas de TV e premiação.
Com isso, graças àquelas 31 palavras acrescentadas ao documento, houve a necessidade de realizar uma nova votação para aprovar uma proposta que já estava aprovada.
Com o registro, a Tauá se torna detentora do controle acionário do clube e poderá encaminhar o documento para a própria FPF, além da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Fifa.
Objetivos
A Portuguesa fez uma campanha modesta no Campeonato Paulista. O time terminou em último lugar no Grupo B, com 13 pontos (2 vitórias, 7 empates e 3 derrotas). Mesmo assim, alcançou os objetivos a que havia se proposto, como não cair para a Série A2 e garantir vaga na Série D do Campeonato Brasileiro em 2026.
Na Copa do Brasil, o time não passou da primeira fase. Após empate por 1 a 1, na Arena Mercado Livre Pacaembu, em São Paulo (SP), a equipe caiu nos pênaltis (4 a 3) para o Botafogo-PB.
O principal desafio da temporada, porém, será enfrentado agora, com a disputa da Série D do Brasileirão. A Tauá Futebol quer levar o clube à Série C em 2026 e promete um investimento de R$ 30 milhões neste ano com o futebol. Caso não conquiste a vaga, ao menos a Lusa já está garantida na divisão nacional no ano que vem.
Em cinco anos, a meta é que o time retorne à Série A do Brasileirão, divisão que não disputa desde 2013, quando foi rebaixada após perder quatro pontos por conta de uma punição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pela escalação irregular do meia Héverton.